Excelente tradução e edição pela Editora Tabla (mais uma vez), Beirut Noir é um livro muito político e emocionante.
Alguns contos me deixaram meio avoado, talvez pela falta de familiaridade com as referência à Beirute que são vastas. Ainda assim, a imersão é incrível e cada conto tem uma personalidade própria.
Li a versão bilíngue.
Ótimo instrumento para quem está aprendendo árabe.
O livro em si é um relato de viagem, com destaque para o único relato de um funeral “viking” registrado.
Obra muito engenhosa. Asimov explora uma realidade distinta, onde há 6 sóis, e o triunfo do conto é explorar também as implicações sobre a ciência, as hipóteses e os cientistas dessa realidade.
Vale a pena e é curtíssimo. Porta de entrada pra outras obras do autor.
Esquisito.
O livro é uma coleção de contos e fábulas que originaram no mundo árabe antigo.
As histórias foram adaptadas pelo selo Globinho para público infantil depois de já traduzidas pelo Prof. Jarouche, porém ainda são fabulas moralistas que compõe a moral da época.
Portanto é confuso, não é um texto infantil e tão pouco um texto que dê pra extrair a literatura das fábulas.
Se você tem interesse em literatura infantil com temática árabe sugiro os livros infantis da Editora Tabla: O pequeno lampião, Yunis, Uma história inventada do começo ao fim.
O livro é um conjunto de histórias que acompanha pessoas que “falham” de diversas formas. Pessoas corruptas, miseráveis, criminosas ou que se tornam criminosas pois são incapazes de viver de acordo com os moldes de uma sociedade egípcia.
Nenhuma delas é má. Elas são levadas para o fracasso por conta da falta de liberdade, falência, miséria, corrupção e autoritarismo. Porém nenhuma se rebela, existe apenas uma rebeldia interna e presa em cada personagem.
Os contos começam em um ponto, mudam bruscamente de direção e lá terminam, portanto não espere histórias tradicionais.
O primo esquisito de “Mil e uma noites”.
Li a tradução brasileira feito pelo Prof. Jarouche e publicada pela Martins Fontes.
As histórias são muito legais, mas é impossível não comparar com Mil e uma noites. Acredito que “Sete Vizires” é uma das leituras obrigatórias dessa coleção, mas no geral são histórias menos sinistras e tensas do que as de Mil e uma Noites.
Se você quer se aprofundar em literatura árabe eu recomendo, caso contrário, invista seu dinheiro em Mil e Noites pois é mais bonito (em termos de edição também) e mais interessante.
Desconfortante!
Excelente edição e tradução de Felipe Benjamin Francisco pela Editora Tabla, este livro acompanha o pensamento de um homem recém-casado com uma mulher - que nunca é nomeadada - que divaga sobre sua relação com a mulher enquanto assiste televisão sozinho.
A leitura é rápida, até pela pobreza do pensamento do personagem-narrador, porém não é uma leitura fácil, pois passa por temas relacionados a abuso e sexo de forma que incomoda quem lê. É um passeio pela mente tosca de um homem que acredita que os homens tem direito às mulheres: ao seu sexo, à sua virgindade e aos seus corpos.
Apesar dos relatos do narrador serem bastante gráficos - o que inclusive gerou polêmica em países árabes - não é um livro só sobre isso (sexo). É uma composição muito mais ampla, que lida de forma ácida e escancarada com o moralismo e a masculinidade. Porém não se engane em acreditar que este moralismo provém de um contexto apenas libanês, mais conservador. Parte do que tanto incomoda no livro é a proximidade entre o conservadorismo e moralismo libanês e brasileiro.
O livro é composto por capítulos curtos, cada um com um tema (amigos, familia, casamento, amor, prazer, etc.).
Para cada tema é apresentada uma divagação, uma análise, uma reflexão e cabe ao leitor digerir aquelas ideias. Por serem tão curtos (2 ou 3 páginas) não existe muita profundidade nos temas, porém são um ótimo alimento pra cabeça devanear.
Primeiro romance de Jornada nas Estrelas que leu. Tinha muito receio como seria a linguagem criada para TV traduzida para um livro, mas superou minhas expectativas.
O começo do livro é bem acelerado e não perde muito tempo com introduções e te joga direto pro principal. Em poucas páginas os 3 principais - Kirk, Spock e McCoy - já estão juntos no passado e num planeta gelado numa missão de resgate do filho bastardo do Spock.
Os personagens funcionam muito bem. Zar é um bom personagem. E tudo funciona muito bem. Especialmente o carisma e empatia do Magro traduziu muito bem pro livro e amei as interações com ele.
O começo do livro é bem “clássico” e faz alusão a grandes episódios. Mas na segunda metade do livro a autora ousou bastante e gostei.
Temas como paternidade, cultura são abordados muito bem. E o conflito principal é crível, além de pincelar o que futuramente seria a Guerra Fria Temporal. Então o livro foi bem ousado e visionário no conflito.
Um homem conta a história de sua vida para a filha desde seus primeiros dias de vida. É uma história bonita e comovente. A carência de diálogos e o fato de cobrir 45 anos de vida em poucas páginas não me agradou muito, ainda assim, vale a leitura.
Livro lida com migração, solidão, valores, crenças, maternidade, incapacidade: é bem rico mas leve ainda.
Não sei se é uma questão de edição, mas algumas falas foram colocadas com travessão outras com aspas, ficou um pouco estranho.
Excelente leitura que traz um panorama geral sobre a migração dos árabes pro Brasil (mais atenta para São Paulo). E na segunda parte traça a história de grandes famílias árabes que entraram para política.
O primeiro trabalho que encontrei de Chnaiderman foi um conto na Revista Lavoura, pouco depois, encontrei esse livro na estante do meu cunhado. Abri e me encantei, mas só agora pude obter eu mesmo um exemplar e ler com calma.
Um domínio incrível do português, uma escrita rápida, muito visual e visceral, além de muito divertida, por vezes, sensual. Vale muito a pena.
Gostei especialmente de Samantha, Oceania, A loira e o coelho. E nunca pensei que receitas pudessem ser escritas de um jeito tão envolvente.
Segundo a orelha do livro Ibrahim Al-Koni possuí centena de livros escritos. Esse é o primeiro traduzido pro português.
Então dessa fresta minúscula que podemos apreciar as obras desse escritor da Líbia que marcou muito a literatura árabe.
Eu só estou dando uma nota de acordo com minha expectativa em relação ao livro. É indiscutível a qualidade da obra.
Porém como eu escrevi, é só uma fresta da literatura do autor, então não sei como outras obras compõe todo esse panorama mágico e fantástico de Al-Koni.
Tomando apenas esse livro como base, parece como uma fábula. Mamede descreve como uma alegoria sobre poder. Não tem nada muito surpreendente no livro, se torna até meio repetitivo, mas é curtinho.
Ambientação do deserto, do oásis é pra mim o ponto alto do livro. Trás a dimensão de isolamento de Assando, tornando-o ainda mais “poderoso”. Muito bacana as brincadeiras do livro com a secura do deserto e isolamento do oásis.
O livro é um mosaico de histórias que se passam todas em um prédio antigo no centro do Cairo. As histórias são ricas em temas, abordando, prostituição, casamento, intriga familiar e terrorismo.
O edifício atua como um personagem e a ambientação é muito similar a prédios históricos de São Paulo do Rio de Janeiro. O livro tem uma capacidade espetacular de te transportar para esse ambiente caótico.
Apesar das histórias ricas, os personagens não são tão cativantes, portanto só vale encarar esse livro se gostar do estilo de narrativa ao redor de um lugar e não esperar personagens incríveis.
Nas primeiras páginas achei que não ia gostar, mas conforme fui lendo fui me encantando e me envolvendo muito no livro. Agora que cheguei no final fiquei com uma sensação um pouco amarga, querendo mais.
Mas prolongar essa história seria um crime, pois a beleza e genialidade do livro é o clima de lenda que foi criado. Uma história contada, embaralhada, sem cenas claramente dividas ou falas pontuadas.
Curiosamente na mesma semana que li esse livro li um outro que tinha uma estrutura parecida, mas por algum motivo não funciona tão bem como Órfãos do Eldorado.
Não subestime o livro porque é denso ainda assim. Ambientação impecável, mas o que se destaque é mais uma vez a relação entre os personagens de Hatoum.
Me surpreendeu muito.
Descobri esse livro através do Philippe Leão no Youtube, num vídeo sobre filmes longos ele cita Tarvosky e o trabalho dele com o tempo usando esse livro.
Pra minha feliz surpresa, Esculpir o Tempo é muito mais que só sobre cinema e montagem. O autor trabalha a ideia do que é arte de forma geral, a diferença da arte pra ciência, o que significa experimentar na arte, e muitos outros debates. Sempre relacionando com cinema, literatura e pintura, ele escreve numa linguagem bem tranquila - até quando entra nas partes específicas do cinema - a visão dele sobre o processo artístico. Particularmente acredito vale a pena para qualquer um ler o primeiro e segundo capítulo que compõe a ideia dele sobre como um artista imprime sua marca na obra.
Mesmo os capítulos “exclusivos” sobre montagem e cinema ainda valeram a pena para mim, porque ele não deixa de trabalhar as comparações com literatura.
Mais uma edição excelente da Editora Tabla.
2 anos após a explosão do porto de Beirute e uma literatura forte como esta fez deste livro uma das melhores leituras desse ano, para mim.
O livro acompanha um moço, filho de um vendedor de tecidos, em Beirute nas ruínas da Guerra Civil. Oscilando entre a realidade e delírio, presente e passado, o narrador vai navegando por esses destroços enquanto pensa na mulher que amou e na família.
Não é só uma bela e triste poesia sobre a vida na destruição, é também um livro que brinca com a História. O personagem conta séculos de história na perspectiva da tecelagem e torna o próprio livro um tear criado entre passado (história do mundo) e presente (Beirute em ruínas).
“[...] tecido não é cerâmica nem osso, não é metal nem pedra, é apenas um pouco de carbono e pó. [...] sua trama se desfaz com leveza igual à vida de cidades como esta, [...]”
Me encantei pela escrita desse livro: uma linguagem simples mas muito bem utilizada.
A história acompanha Signe e suas memórias do dia que o companheiro desapareceu, mas como “Mil e uma noites” vamos acompanhando memórias dentro de memórias, tudo sendo contando ao mesmo tempo.
E um deleite navegar por esse livro.
No começo eu gargalhei, depois eu só achei engraçado, mais tarde fiquei preocupado com minha própria perversão, mas cedi ao transe e ao passeio psicopata que o livro nos leva.
Sociedade espetáculo, apatia, violência, indiferença, esse livro é fenomenal.
Difícil avaliar um livro de contos, ainda mais um tão diverso como A cidade Ilhada.
Manaus, Paris, Barcelona, Madri, São Paulo, Brasília, Bombaim, são muito cenários, todos trabalhados para se tornar familiares, bem elaborados, gostei muito da leitura. Muitos contos sobre relações humanas: amantes, amigos ou paixões.
Gostei particularmente de: Bárbara no inverno,Bárbara no inverno,Encontros na Península e Dois Tempos.
O livro é composto de dois temas predominantes: Família e Manaus. Porém não é apenas o drama familiar entre dois irmãos gêmeos e a descrição da cidade durante a ditadura militar que torna a leitura incrível.
A narrativa poderia servir como um reflexo da vida de muitas famílias imigrantes de norte a sul do Brasil, mas é na particularidade da cultura e literatura árabe que Dois Irmãos se torna espetacular.
O livro importa aspectos das histórias de Mil e uma Noites, da poética islâmica e da cultura libanesa. E ao mesmo tempo os próprios personagens de Hatoum compartilham parte desse imaginário da poética árabe, porém uma versão mais mitológica e romantizada dessas artes antigas. Criando uma atmosfera constante de nostalgia e distanciamento que é conduzida pela narrativa conflituosa de uma família.
Obra maravilhosa. Mesmo para quem já viu o filme ou sabe o final e tem medo de ler com “spoilers” vale muito a pena.
Isso porque O Nome da Rosa não é um livro policial ambientado na época medieval, é muito mais do que isso.
O começo vai até impressionar ou espantar alguns leituras: me perguntei várias vezes porque tava lendo sobre a natureza do riso ou a pobreza de Jesus. Por conta disso o livro é uma leitura bem devagar, que vai queimando aos poucos, portanto não espere um romance policial.
Entretanto, se o leitor se permitir a entrar no dia-a-dia da abadia, vai se deparar com uma leitura muito recheada. Os mistérios não envolvem só “quem matou quem?”: aos poucos o leitor é envolvido em entender quem foi Dulcino, qual a importância de cada ordem cristã, qual a razão dos italianos não gostarem dos estrangeiros na abadia, qual livro é tão cobiçado, e muitas outras tramas que se desenvolvem em paralelo. E aos poucos perceber que todas se entrelaçam, até às próprias discussões sobre riso e pobreza.
O óbvio e impecável trabalho de pesquisa de Umberto Eco recompensa com uma ambientação que nos faz viver 7 dias na abadia, mas o fascínio maior foi o conhecimento e o trabalho com as obras clássicas gregas, árabes, cristãs, e tantas outras que o autor cita. Como o próprio personagem Adso pontua: “não raro os livros falam de livros, ou seja, é como se falassem entre si”, e Nome da Rosa me encantou ao me sentir numa biblioteca tão rica de conhecimento do mundo todo.
Fascinante!
No meio do livro - numa cena descrevendo as cápsulas da nave- percebi que o filme estava perfeitamente igual ao livro que fiquei muito fascinado com a adaptação. Só então fui pesquisar a história do livro e descobri que foi escrito em paralelo com o roteiro de Kubrick.
O filme é bem quieto e muito visual. O livro também é muito “visual”, com longas descrições dos movimentos e equipamentos das naves. É como ler um relatório técnico científico do filme. Pra quem gosta de ciência é incrível.
As mudanças entre as obras são sutis, mas o suficiente para deixar a leitura refrescante. A grande diferença de fato é que o livro é bem mais científico, com exceção de um ponto: Hal-9000 me soou um pouco mais “humano” no livro e mais robótico no filme.
O livro se passa em dois momentos da ocupação da Palestina: a primeira parte do livro em 1949 acompanha um militar israelense no Neguev, e a segunda metade é narrada na perspectiva de uma jovem palestina no século XXI que faz uma viagem ao sul da região.
A autora reserva os momentos mais cruéis e violentos para poucos parágrafos. A maior parte do livro percorre os detalhes (dando título ao livro) e a ambientação da ocupação, como uma “simples” mudança de nome de uma aldeia.
A ansiedade e o medo criado são maiores (mais volumosos) que os atos atrozes, isso cria no leitor também uma ansiedade. É uma leitura incrível e tensa.
Livro devorado.
No começo confesso que demorei pra entender onde o livro tava querendo chegar. Ele foi montando um mosaico aos poucos. Algumas peças desse mosaico eu quase não tava dando importância, mas a escrita é muito boa, bem jornalística e agradável, então continuei lendo.
Quando o livro chega nas partes tensas aí sim não conseguia parar de ler. O ritmo no começo que era bem tranquilo oscilando entre Mikael e Lisbeth de repente começa a oscilar com uma frequência maior e os batimentos cardíacos também.
Esse recurso também foi usado no final do clímax do livro, que também foi muito tenso.
Final bem satisfatório, fiquei curioso pro seguinte.