Ratings374
Average rating4
Obra maravilhosa. Mesmo para quem já viu o filme ou sabe o final e tem medo de ler com “spoilers” vale muito a pena.
Isso porque O Nome da Rosa não é um livro policial ambientado na época medieval, é muito mais do que isso.
O começo vai até impressionar ou espantar alguns leituras: me perguntei várias vezes porque tava lendo sobre a natureza do riso ou a pobreza de Jesus. Por conta disso o livro é uma leitura bem devagar, que vai queimando aos poucos, portanto não espere um romance policial.
Entretanto, se o leitor se permitir a entrar no dia-a-dia da abadia, vai se deparar com uma leitura muito recheada. Os mistérios não envolvem só “quem matou quem?”: aos poucos o leitor é envolvido em entender quem foi Dulcino, qual a importância de cada ordem cristã, qual a razão dos italianos não gostarem dos estrangeiros na abadia, qual livro é tão cobiçado, e muitas outras tramas que se desenvolvem em paralelo. E aos poucos perceber que todas se entrelaçam, até às próprias discussões sobre riso e pobreza.
O óbvio e impecável trabalho de pesquisa de Umberto Eco recompensa com uma ambientação que nos faz viver 7 dias na abadia, mas o fascínio maior foi o conhecimento e o trabalho com as obras clássicas gregas, árabes, cristãs, e tantas outras que o autor cita. Como o próprio personagem Adso pontua: “não raro os livros falam de livros, ou seja, é como se falassem entre si”, e Nome da Rosa me encantou ao me sentir numa biblioteca tão rica de conhecimento do mundo todo.