Na Sombra do Dragão

Rhage foi amaldiçoado quando era muito jovem, a carregar um monstro dentro de si que desperta quando engatilhado. E Mary é uma humana doente com uma vida bastante entediante que se vê subitamente no caminho da Irmandade devido a uma série de ligações.

Temos o retorno de um personagem importante — reencarnado —, temos o Rhage a ser bonito e Hollywood e ocasionalmente um xuxu, temos maior contacto com o resto da Irmandade e temos um arco de redenção.

E depois temos uma protagonista tão insonsa que o meu colesterol baixou só de ler o livro, uma completa Mary Sue que engatilha o Rhage de tal modo que é desejo à primeira vista. A sério. Logo ali no parque de estacionamento ele atira-se a ela e quase causam uma cena de atentado ao pudor público.

O único traço de personalidade da Mary é ser doente. A sério. Ela acha que é feia porque é doente, acha que ninguém a quer porque é doente, não faz nada de interessante na vida porque é doente, acha que o Rhage é bom demais para ela porque ela é doente. Não há capítulo em que ela não se queixe do facto de ser doente e não poder inserir aqui qualquer coisa básica. Também acha que é a pessoa mais feia e desinteressante à face da terra, e vamos combinar aqui entre nós que esse tipo de personagem deixou de ter piada antes mesmo de chegar a ter piada.

Ouçam, eu entendo que a doença pode dominar a vida das pessoas. Compreendo e respeito isso. Mas não respeito um livro que usa isso apenas para efeitos dramáticos e para prolongar a trama. E que não dá absolutamente mais nada à personagem além disso.

Estes dois também parecem gato e rato, para a frente para trás, como dois adolescentes. Até que por fim temos o arco de redenção, com sacrifícios e reviravoltas e a prenuncia do livro seguinte.
Mais uma vez, a única coisa que me motivou a continuar foi o facto de eu gostar dos Irmãos.