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Pode parecer inapropriado avaliar este livro, mas só pela força e coragem da Chanel Miller, lá tem que ser. Para todos os efeitos, considero leitura essencial para toda a gente.
Embora se foque especificamente no sistema judicial estadunidense, diria que se pode facilmente aplicar e fazer paralelo a situações ao redor de todo o mundo.
Ler isto não foi fácil. É inspirador, mas desolador e tem tanto de esperança como tem de desalento. Embora as coisas têm vindo a mudar no sentido de ajudar a vítima nos últimos anos, os casos de violência sexual parecem não abrandar. Ainda assim, é preciso que se continue a lutar para proteger os sobreviventes.
Querendo acabar o meu comentário num tom mais positivo, conforme a autora vinca no final do livro, vale a pena continuar a viver quando há pessoas neste mundo que não desistem de ajudar-nos e apoiar-nos.
Este foi um dos melhores livros que eu li em 2021, e estou extremamente feliz por finalmente ter chegado às prateleiras portuguesas!
Esta é a história de Chanel Miller, a vítima de Brock Turner — um caso, que abalou os noticiários e derrubou o Twitter entre 2015 e 2018, comumente famoso porque o juíz do caso deu uma pena absurdamente leve a Brock porque considerou que ele era um “jovem promissor” que já iria “sofrer o suficiente” com aquele “erro”.
Sim, vocês leram bem. Ele recebeu somente 6 meses de prisão, dos quais apenas cumpriu apenas três, porque era “um jovem promissor”.
Durante o julgamento, a vítima permaneceu anónima, sendo falada pelos media pelo nome de Emily Doe. Em 2019, Emily Doe quebrou o anonimato ao lançar um livro de memórias, “Know my name”, revelando o seu nome verdadeiro: Chanel Miller.
Pessoalmente, acho que este livro deve ser mais lido do que falado, porque há coisas que jamais podem ser transmitidas sem ser pelas palavras da mulher incrível que o escreveu. Não obstante, a forma mais prática e realista de pôr as pessoas a falar de um livro, é falar dele. É um paradoxo. Portanto, vamos falar sobre ele.
O caso de Chanel foi, como todos os casos de violação, mediático pelas razões erradas. As pessoas culpavam ou questionavam a vítima, procuravam justificar ou legitimavam as ações de Brock, minimizavam o que ele fez e, de uma forma geral, não acreditavam.
No livro, Chanel fala do seu próprio caso, mas também fala sobre a cultura que permite que violadores saiam livres dos seus crimes, ou tenham penas lenientes. Fala das humilhações que ela viveu, dentro e fora do tribunal, e de como os comentários negativos à sua história a afetaram mais do que todo o apoio que recebeu. Falou sobre a dúvida e a desconfiança com que as vítimas são recebidas, sobre a forma como a sociedade protege os homens e os rapazes, mesmo quando é provado que eles cometerem o crime, mesmo quando é demonstrado que eles mentiram uma e outra e outra e outra vez.
Mais do que sobre a violência que ela própria viveu (e sobreviveu) e mais do que análises acutilantes ao grave problema que a sociedade faz questão de ignorar, este livro é sobre a sua luta. Externa, nos tribunais, mas também interna, dentro da sua mente, da sua alma, com os seus sentimentos e demónios interiores. É um livro sobre um processo doloroso de procura de paz, de cura, de viver além de sobreviver. Das lições que aprendeu, do que fez para tentar curar a dua dor — ou aliviá-la.
Chanel é acutilante no seu livro, mas também é frágil, honesta, transparente. Pinta um autoretrato de superação e de recuperação, de luta e de perseverança; inspirou milhares de mulheres no mundo inteiro com o seu victim statement e depois outras mais com este livro de memórias. A crueza das suas palavras, mas também uma certa poesia nelas, nos seus pensamentos, nos seus sentimentos. E faz-nos refletir sobre o perdão e a sua relação com os traumas.
Review inteira: https://itsrafaela.com/chanel-miller-know-my-name/