O Alaor escreve pra caramba. Ele tem uma clara habilidade com as palavras. A narrativa é como uma bola de futebol, que vai pra onde ele quer que ela vá. Algumas passagens mais “poéticas” me deixaram verdadeiramente impressionado, e isso é muito bom. Além disso, a revisão foi muito bem realizada. Em livros autopublicados, é comum que encontremos problemas de revisão, resultado de uma falta de preocupação e/ou conhecimento, mas o texto do Alaor é enxuto, é competente, é bem-feito.
Eu gostei desse livro. Meaning, achei tudo muito bem escrito e não odiei os contos. Mas não amei os contos, também. Deles, eu queria ter gostado mais.
Bom.
Tenho três grandes problemas com Vênus acena de volta. Todos são mais ou menos pessoais, e é possível que outras pessoas pensem diferente de mim, mas enfim, estou aqui para dar a minha opinião, mesmo: (1) em primeiro lugar, fora, Temer fiquei um bocado incomodado com a quantidade de contos em primeira pessoa; como escritor, sei que, às vezes, é a forma que funciona melhor, mas acho que a coletânea teria um equilíbrio mais legal se tivesse variado um pouco nisso. A primeira pessoa é mais carregada de sentimentos e reflexões, principalmente em histórias mais adultas, e isso pode cansar. Quando são vários, todos sem relação aparente entre si, com personagens diferentes narrando a história, a leitura fica mais lenta. (2) Depois, em segundo lugar, fiquei com a impressão de que alguns dos contos não pareciam ser contos em si, mas sim cenas, esboços, pensamentos soltos. Não havia história, não havia evolução de personagem. I'm nitpicking, acho, mas esse é o tipo de coisa que só faz me deixar indiferente. (3) Por fim, praticamente tudo nesse livro é sobre relacionamentos amorosos e (heteros)sexuais. Deus e o mundo sabem como estou cansado de histórias com relacionamentos ht, mas achei que deveria pontuar. As descrições das mulheres, aliás, são bem marcadas por uma visão masculina, mas não me sinto no direito de me sentir incomodado ou não por isso — porque sou homem e porque conheço o autor, que é uma pessoa maravilhosa.Vênus acena de volta é um primeiro lançamento sólido, que traz o autor já com um estilo claro e promissor. Sei que o Alaor já publicou também um romance, que pretendo conferir em breve, e tem outras coisas na manga, então temos o que esperar. Só posso esperar que, quando ele ler esta resenha, minhas “críticas” possam ajudar em alguma coisa. Fui finalmente convencido da sexualidade do Alaor.
So this one was right up my alley, wasn't it? Robots and gay romance. I mean, it's not great, it's not a perfect novel—it has its flaws—, but I just couldn't stop reading. I read it all almost in one sitting, and it's not a short book. Though I wouldn't complain if there were more Bex in it, the main couple is so captivating and cute I didn't really care about the other characters, not really—Nico definitely has a Dante Quintana-ness to him that I couldn't shake off.
It also raises interesting questions about technology, artificial intelligence, and humanity in general. As a person who both loves technology and is terrified of a robot rebellion, I could relate.
The Description of a New World, Called The Blazing-World, or simply The Blazing World, is considered one of the earliest examples of science fiction in history, so of course I had to include it in my 2017 sci-fi journey—more out of curiosity than actual hope of enjoying the experience. Considering it's a 1666 autobiographic, quasi-nonsensical story, I admit it's way less boring than I thought it would be—though it is quite boring. Its importance to science fiction and even women's writing is notable, however, and I don't regret reading it.
I recommend this book as an academic endeavor; a study. It is fascinating if you're interested in science fiction, women's history, genre fiction etc. You will hardly enjoy it otherwise.
Este livrinho (digo “inho” com a melhor das intenções: é curto, li todo de uma vez) se trata de um apanhado de textos do autor sobre vários assuntos, mas, principalmente, sobre literatura — e isso você lê na sinopse. O que você não lê na sinopse é que o livro fala bastante sobre ficção científica, inclusive e principalmente sobre ficção científica brasileira, que foi, num primeiro momento, o que me levou a Muitas peles, e afirmo que não me arrependi nada da leitura. Luiz Bras é lucido em seus comentários e objetivo em suas dissertações, criando textos curtos e agradáveis, mas que não perdem em nada no conteúdo. A participação de conhecidos autores da FC brasileira também foi uma surpresa bastante boa.
Very character-driven, and with little to no action going on, I can kind of see why someone would find Never Let Me Go a boring novel, but I absolutely adored it. At some point, I considered rating it 4 stars, if only because I didn't quite understand how Kathy and Tommy still managed to stay friends with Ruth, but what the hell? It's a 5/5 for me. Ishiguro did a brilliant job.
Besides being a great novel, it's also great sci-fi disguised as “literary fiction,” which is bullshit. Saying it's not science fiction just because it's not about science itself is, well, bullshit. Reinterpreting as nothing but a love story is utter. bullshit. It is. Sorry ‘bout it.
For many reasons, it kept reminding me of Ian McEwan's Atonement. I didn't love Atonement, but some of the same sentiments can be found here: melancholy helplessness, resignation, Keira Knightley. The prose is also similarly beautiful, but while McEwan's book took its toll on me, I couldn't put Ishiguro's down.
It is said that Swastika Night is 1984 older, long-forgotten sibling, a companion piece of sorts. I can see that. I can even see some degree of inspiration for the latter—though I can't help but think George Orwell's is the better novel. Burdekin's prose, though not bad by any means, is notably not as good as Orwell's. It reads well, but tends to be overly didactic at times, and though we have some really great scenes—the very first chapter, for example, is really, really powerful, and certainly one of the highlights—, I believe SN's importance is purely historical.
However, that is not to say this isn't an interesting book. SN was written in 1937, before the war even started, showing an incredible power of thought. What Burdekin did was write a dystopian novel about the aftermath of a war that was yet to happen, picturing a future 700 years ahead, in which the Axis won and dominated Europe. The society we find in this book is sickening, and the treatment of women leaves more than enough room for discussion. Even the main characters are deeply flawed, being males in a extremely misogynistic society, and their redeeming qualities are all in spite of. The one serious problem I found was Burdekin's treatment of homosexuality. The indulgence in acts of homosexuality in SN's society is seen as preferable to those with women, but it seems that it happens only because ladies aren't exactly seen as human beings. I couldn't shake off the feeling that Burdekin added homosexuality to the mix as a form of reproach, as part of her argument that women are intrinsic to a proper functioning of our society—without them, we'd have homosexuality! the horror! I obviously agree with her for the most part, but I can't with homophobia. 1937 or not, I just can't.
Não sei explicar como esse livro mexeu comigo, de verdade. Sentei para ler de cabo a rabo em fevereiro, um mês que foi sincera e completamente horrível pra mim, e Quinze dias foi, com certeza, a famosa luz no fim do túnel — ou pelo menos um ponto positivo em meio a vários negativos. Conhecendo o Vitor, eu sabia que seria um livro maravilhoso, mas confesso que superou todas as minhas expectativas (biased? jamais). O romance entre Caio e Felipe é do tipo que qualquer um fica feliz em encontrar num YA, e eu acho que, levando em consideração os temas que são abordados aqui, essa é uma história necessária no cenário jovem adulto nacional.
Como li antes do lançamento, pretendo reler assim que tiver o livro EM MÃOS, mas não acho que minha opinião vá mudar. Quinze dias já é um clássico LGBT, o livro jovem adulto que a gente precisa neste momento.
Hm. Vou deixar aqui um trecho:
Convém que sejam dois peixes de papel porque se recorta apenas um ele se desfaz mais depressa, já notei, será possível que até as coisas precisem de seu duplo? mais depressa no fosso se sozinhas?
Com esse título e essa capa maravilhosos, O sorriso da hiena é um bom suspense. Tem uma leitura rápida e garantia de deixar o leitor aflito, na beira do assento, sem saber o que pode acontecer aos personagens — eu jurava que a Bete não morreria, por exemplo, e foi a morte dela que me garantiu uma sensação de que tudo podia acontecer. Bom. Vou começar do que mais gostei: o detetive Artur é realista. Nesse tipo de livro, costumamos (eu costumo, pelo menos — não sei vocês) encontrar detetives brilhantes, que desvendam todo o crime ou têm um sexto sentido que os ajudam a resolver as coisas. Artur não. Artur segue as pistas, faz todo o possível e, muitas vezes, não é o suficiente, o crime é desvendado, mas o culpado não é preso.
Antes do fim, eu estava decidido por dar 4 estrelas (3.5 arredondadas), mas diminuí para 3 depois do último capítulo, ou epílogo, que achei desnecessário, bem fraquinho mesmo. O resto do desagrado foi pelas motivações (fracas) do psicólogo William — que prometia ser um personagem bem mais interessante do que acabou sendo —, assim como, e aqui concordo com um ponto levantado pela Mayra na review dela, pela falta de embasamento no estudo desenvolvido pelo personagem.
Às vezes, utilizamos palavras diferentes de “bom” e “ruim” para descrever um livro. “Importante” e “necessário” me vêm a mente, mas há outras. Ainda estou aqui é, sem dúvida nenhuma, um livro (um relato) importante. Nele, que é um apanhado de memórias de Marcelo Rubens Paiva, o autor relata a história de sua família, mais especificamente de sua mãe, e a convivência com a realidade do assassinato do pai pela ditadura e, posteriormente, com o Alzheimer. Digo que é importante porque, em tempos em que pessoas pedem pela volta do regime militar no Brasil, ler sobre isso é um tapa na cara. O caso de Rubens Beyrodt Paiva demorou 40 anos para ser resolvido — e não o havia sido por completo na época de publicação do livro, 2015. Livros assim deveriam ser leituras recomendadas em qualquer lugar.
[b:A casa de vidro|31824852|A Casa de Vidro (As Estações, #1)|Anna Fagundes Martino|https://images.gr-assets.com/books/1472846413s/31824852.jpg|52482381] foi uma leitura deliciosa no ano passado, então não poderia esperar diferente de Um berço de heras, que faz parte da mesma série. Essa é mais uma história botânica (amo quando esse termo) da Anna Martino, que traz de volta alguns personagens do livro anterior: os descendentes de Eleanor. As fadas continuam misteriosas e incríveis, sendo que, desta vez, aparecem mais poderosas e em maior número.
Não é com orgulho que digo que esta foi minha primeira Trasgo, mesmo apoiando o projeto já há alguns meses — deveria ter começado muito, muito antes; prometo compensar. Fiquei surpreso. Já esperava uma certa qualidade, mas antologias de autores diferentes tendem a ser bem 8 ou 80, com contos bons, contos mais ou menos, contos razoáveis... e as notas acabam sendo ali, na metade, nas três estrelas. A Trasgo 12 ganha um 4/5 merecido. Todos os contos são, pelo menos, bons e competentes, e o que não me agradou ficou mais no tema do que na construção literária em si. Aliás, fica um destaque para Cirro, conto do Alaor Rocha, que me deixou com o coração apertado de tanto orgulho (que conto bom, pessoas).
This is great. Funny, useful, and full of literary references, this is the cocktail cookbook every bookworm should read at some point in their lives. Buy this book—because of reasons.
Solarpunk: Histórias ecológicas e fantásticas em um mundo sustentável
Coletânea interessante, mas que promete mais do que cumpre. A maioria dos contos aqui não tem muito a ver com solarpunk (alguns não têm nada a ver com solarpunk, na verdade), mas a leitura ainda é, no geral, válida. Destaque para o excelente Soylent Green Is People, de Carlos Orsi.
Nota: 2.5. Conceito interessante — principalmente para o ano da primeira publicação, 1987 —, mas execução prejudicada por uma série de coisinhas. A terceira expedição conta a história da recuperação de um grupo de brasileiros em um cenário pós-apocalíptico, depois de uma guerra nuclear — na época do lançamento, acredito que a ameaça da Guerra Fria ainda estivesse bem forte. A história é contada por relatos de um sobrevivente intercalado com cartas e registros de outros personagens, e isso acaba sendo tanto um trunfo quanto um problema para a história. Explico: o relato do protagonista, por assim dizer, o Mané, é feito de forma bem verossímil, parece mesmo que é alguém contando uma história, mas, ao mesmo tempo, parece que é alguém contando uma história desinteressante... não existe uma identificação. As coisas acontecem, elas são descritas, a gente segue em frente, acaba o livro, pronto, feijoada. Além disso, fiquei profundamente incomodado com a falta de mulheres nesse livro. As poucas existentes são esposas, namoradas, filhas, interesses românticos. Nenhuma delas — nenhuma! — participa das três expedições descritas ou mesmo de, sei lá, UM DIÁLOGO.
Já adianto que esta, pra mim, não foi uma leitura muito legal. A ideia da coisa é toda muito boa, e o universo criado por Gerson Lodi-Ribeiro é muito interessante, contando até com apêndices sobre uma raça alienígena e a tecnologia empregada na viagem interestelar (apêndices nos quais, confesso, fiz uma leitura dinâmica bem safada, mas eles estão lá), mas a narrativa parada, feita em primeira pessoa por uma protagonista sem muito carisma, e uma plot sem acontecimentos significativos acabam deixando o livro bem chato. Além disso, a escrita é muito formal, principalmente se levarmos em conta o gênero, e apresenta um vocabulário rebuscado que desanima bastante e apaga boa parte da personalidade dos personagens.
Ao acompanharmos a vida dos tripulantes da nave terráquea Pioneira pelo universo, boldly going where no man has gone before, nos deparamos com uma história maçante: os personagens transam*, descobrem uma civilização extinta, transam, seguem em frente, transam, descobrem que mudaram de continuidade, seguem em frente. Nada é importante o suficiente para uma definição clara de clímax, por exemplo. As coisas apenas... acontecem. Não ajuda que boa parte das informações sejam contadas ao invés de mostradas, e o livro é permeado de infodumps. Queria ter gostado (bem) mais.
* Os personagens deste livro são, em sua maioria, bissexuais, com poucas exceções. Enquanto isso poderia ser uma coisa boa em qualquer outra circunstância, a sexualidade aqui é usada de forma um tanto incômoda. As cenas de sexo são pouco realistas e desconfortáveis, e a intimidade entre os personagens principais, que apresentam um relacionamento claramente poliamoroso, não parece genuína.
Por bem ou por mal, coletâneas de autores diferentes acabam sendo um balaio de gatos. O segundo volume do Universo desconstruído é, no geral, mais fraco do que o primeiro, mas os pontos fortes desse livro são muito fortes. Esses pontos são, é claro, Corpo escuro, da Jarid Arraes, BSS Mariana, da organizadora Lady Sybylla, e Boneca, da Clara Madrigano.
Mas notas à parte, preciso dizer que a mera existência dessas coletâneas já me deixa muito feliz, e poder ler contos diversos e brasileiros de ficção científica é sempre válido. Fico no aguardo de uma terceira.
I'm so proud of my son Nate Foster, y'all. This book was every bit better than its predecessor—which isn't a bad book, not at all, so there's that. Tim Federle has something really special in Five, Six, Seven, Nate!, and I truly can't wait for the next one. Also, yay for gay romance!
I missed Freckles though. I think I understand why he wasn't there, plot-wise, but I missed him all the same.
“its a deal.”
“its a deal”
“it's a... date i meant.”
“me too”
I thought I'd hate the artwork, but it feels... right, I guess? I don't know, it fits. As for the story, well, it's Jeffrey Dahmer (fun fact: I didn't know it was Jeffrey Dahmer until today... I thought this was a fiction story... maybe based on something... I'm... sigh), but in a different, bizarre, sad light. Sad is certainly the keyword here. Could Dahmer have been saved? Could serial killer Jeff Dahmer have had a different life under other circumstances? Maybe. We'll never know.
This is... disturbing.
Tentando voltar a ler o Sítio. Bem, esse foi bem chato. Fica a menção honrosa pelo valor histórico — não acho que as crianças de hoje em dia conheçam Hans Staden, então vai — e pelo valor geral da série. A demonização dos índios é bem menor do que eu esperava, e achei engraçado como a narrativa seguiu sendo interrompida várias vezes, ainda que sem um propósito óbvio para isso — uma tentativa de cliffhanger, talvez?
Really short and nice, with a good JUST DO IT vibe to it. It's nothing new, really, but I like reminding myself of what I should be doing with my life.
Keep reminding yourself why you do this. How this will change your life. When you know your why, you can use it to fuel your writing and your daily practice.
Eu costumo dar três estrelas pra coletâneas assim, com vários autores. Não por nada, mas a qualidade e os estilos geralmente variam demais, e três estrelas são um ponto ali, mais ou menos no meio. Liked it. Esta coletânea, Qualquer clichê de amor, não foge muito disso: tem contos bacanas, outros mais medianos... e tem o último conto. O último conto, Quando gira o mundo, merece todas as estrelas.
Recomenda-se a leitura ao som das trilhas da Malhação do começo dos anos 2000, grandes marcos nas vidas de todos nós.
I still can't say for sure if this is a one-shot story or if it's the beginning of a series. Goodreads tells me one thing, the book tells tells me another, I'm... Am I missing something here? I'll go with one-shot for now, if only because I can't picture a nice sequel, it pretty much ended where it did. Now... Encounter. It was a nice book, I guess. Short, which is great; read quickly, with an interesting albeit messy narrative — meaning, we had both objective descriptions of what was going on in the camera recording and long, deep insights of what the characters were thinking. I didn't care much for the romance, which was definitely a downer, but I really just couldn't understand how Ricky and Josh's friendship worked in the first place; how were they even friends? I get that the point is that they are opposites and those are attracted by each other yada yada I guess, but this? Josh was an annoying asshat all the time, Ricky didn't really seem to like him until he did, and the coming out scene... yeah. I wish we'd gotten more aliens and less crop shenanigans.