Maybe too self-helpy for my taste, but an enjoyable read nonetheless. One thing that I liked a lot is that it's aimed at writers and/or artists in general, and not one particular kind of artist.
Poder absoluto é diferente, acho, de qualquer coisa que li na ficção científica brasileira contemporânea ultimamente. Isso pode não querer dizer muita coisa, já que não sou grande especialista, mas fica a observação. O universo pós-apocalíptico criado na primeira publicação de Jean Gabriel Álamo é claramente bem pensado e, por mais que a luta contra o Sistema seja uma temática já batida hoje em dia, a história que encontramos aqui passa longe do “mais do mesmo”. Gostei muito de alguns conceitos apresentados e de como a tecnologia foi usada ao longo da história; de como o autor conseguiu criar um mundo cyberpunk verossímil sem auxílio audiovisual — o que não é fácil, podem acreditar. Os personagens, ainda que majoritariamente masculinos — um problema mais ou menos pessoal meu, mas que não podia deixar de comentar —, são carismáticos, e eu até gostaria de ter visto mais de alguns deles. O último capítulo, com a Quorra voltando à vida, se vendo sozinha e refletindo sobre a situação atual da sociedade, é meu preferido no livro todo, com certeza.
Meu grande problema aqui foi o exagero explicativo, chegando ao ponto do didatismo em algumas passagens — a batalha final contra o Suserano, por exemplo, é quase uma aula. Além de estar cheio de notas de rodapé muitas vezes desnecessárias, a própria narrativa traz várias explicações sobre situações e conceitos próprios do universo ficcional do Jean. Além disso, eu fiquei louco pensando em como o livro poderia se beneficiar de uma revisão ou editoração profissional — não digo pela ortografia nem nada assim, mas por questões de redação, mesmo.
No fim, o resultado é um livro promissor, que diverte, mas não mostra toda a capacidade que tenho certeza de que o autor tem.
Westlich é uma coletânea interessante. São dois contos que não têm muito a ver entre si* — existe alguma semelhança na ambientação e no fato de que ambos são intitulados com nomes femininos, mas, na minha opinião, a coisa para por aí —, e a premissa acaba sendo mais legal do que a execução, o que é triste, mas a leitura ainda é válida.
Margareth, a mais fraca das duas histórias, acabou não me interessando tanto. O protagonista é um inventor e está inserido num mundo que me pareceu ser bem interessante, mas o que vemos mesmo é a paixão/atração que ele nutre pela personagem-título, que é gostosa, poderosa, sedutora etc. Já Thalita, por sua vez, me empolgou bem mais, me lembrando um pouco da Jerusalem's Lot do Stephen King (Alec vai me matar quando vir a comparação), até. Só fiquei um pouco confuso com a passagem de tempo...
* Não que precise haver uma ligação entre os dois contos, mas abri o livro com a impressão de que encontraria algo do tipo.
Uma iniciativa excelente na ficção especulativa nacional, a Revista Mafagafo garante, logo de cara, uma leva de autores com estilos e experiências variadíssimos, e acaba proporcionando uma leitura rápida e pra lá de bacana. Não posso deixar de mencionar os dois contos que, até agora e na minha opinião, foram os destaques desse primeiro grupo: Tons de rosa, da Fernanda Castro, e Pé de coelho, do Eric Novello — que acontece no mesmo universo de Neon Azul e tá aí pra me mostrar que a vida dá voltas. Ainda temos três partes pela frente, porém, então vamo que vamo.
Esse livro foi uma montanha-russa deliciosa. Explico: montado a partir de entrevistas com 52 autores de ficção especulativa — alguns mais conhecidos; outros, menos —, A fantástica jornada do escritor no Brasil serve tanto como um choque de realidade quanto como uma fonte de esperança para quem o lê. Não se trata de um manual ou livro técnico. Não é um livro sobre escrita, mas sobre a profissão do escritor. Os entrevistados discutem experiências e inseguranças, prós e contras, e o resultado é um trabalho conduzido de forma primorosa, uma excelente apresentação para todos os interessados no ramo.
Não sei se sou a pessoa mais indicada para resenhar livros políticos, mas estou passando por uma tentativa de estudar e entender mais sobre o assunto, então... o Manifesto. Vale dizer que, agora, quando peguei o livro no Unlimited, eu já tinha uma ideia do que esperar... já tinha conversado com outras pessoas e sabia mais ou menos do que ele se tratava, mas não sei dizer por quanto tempo eu imaginei que encontraria uma coisa completamente diferente aqui. Isso é bom ou ruim? É uma boa pergunta, mas devo dizer que é o que vejo em outras pessoas, também. Muitos criticam (ou defendem) sem saber do que se trata, muitos têm concepções formadas sobre o comunismo ou sobre a esquerda ou sobre Marx, mas não se dão ao trabalho de parar, ler e formar ideias autônomas (e, claro, essas ideias podem muito bem ser críticas ou contrárias ao que o movimento prega, mas pelo menos serão informadas).
No geral, é um livro interessante. “Interessante” é o termo usado por uma amiga para descrever o Manifesto, e agora estou pegando emprestado. Com (menos de) cinquenta páginas, é uma leitura que pode ser feita em uma tarde e traz informações importantes não só sobre o movimento comunista e seus ideais, mas também sobre o contexto histórico da escrita do livro. Acho que foi o que mais me chamou a atenção.
Guerra do velho é difícil de avaliar. Não por não ter qualidade, mas porque sinto que foi um livro mais... divertido do que objetivamente bom... dá pra entender? E não tem nada de errado com isso, de verdade. Claro que não posso falar da escrita do Scalzi, uma vez que li a tradução,¹ mas o enredo não é muito elaborado, e depois da metade as coisas ficam um pouco episódicas. Certa vez, me disseram que a história parece mais uma introdução — uma boa introdução —, e acho que é bem isso. John Scalzi criou um cenário e escreveu uma aventura nele, sem muitas pretensões. É uma leitura legal pra caramba, cheia de ação e de personagens bacanas, mas não vai muito além. E isso é okay. Tá tudo bem. Nas palavras de Lindsay Ellis, it's fine (ad nauseam).
¹ Que achei... formal demais pro tipo de história, mas segue o baile.
Much like Cavendish's The Blazing World, this is more interesting than entertaining, and you probably shouldn't read it if you want something thrilling and/or adventurous. It does have, however, a plot, though it takes several chapters to get there. Some, if not most, of the social criticism is very current, and the prejudices presented in Abbott's fictional society reverberates with the prejudices we have today.
Verdades invisíveis é um livro muito legal, então tem isso. Li mais da metade em uma viagem, e terminei sem esforço no dia seguinte (hoje). Fui pego de surpresa pelo... conflito principal? Que chegou do nada depois de quase 80% do livro? Acho que teria preferido se a história tivesse ficado no romance Angelo/Enzo, que são personagens muito fofos com um romance bem bacana rolando, mas vale dizer que toda a ambientação dessa fantasia urbana é muito bem desenvolvida, e os espíritos têm um apelo visual muito forte. Meus outros problemas foram estruturais, acho, e não vêm ao caso agora. O Franklin fez um trabalho muito bem feito e conseguiu trazer à tona uma publicação independente com cara de tradicional, e o saldo final é que fiquei muito curioso para os próximos lançamentos dele.
Tons de rosa se consolidou como meu preferido dessa primeira onda da Mafagafo, e acho que vou começar a esperar os quatro meses pra ler os próximos contos sem interrupções.
There are very few things I disliked about Autoboyography, but I won't talk about them. However, I will talk about how fun, delicate and ultimately cute this story is. So much so that I spent my day reading the last 90% of what isn't a short book. Tanner is a delightful protagonist, and Sebastian is the type of romantic interest that we can't help falling in love with—I don't even mind the instalove bit.
⛰️
I don't think I can define Lisa Henry. Admittedly, I don't have much experience with M/M novels, but what she writes can always catch me from all angles. The prose is right, the story's captivating, sexy, romantic. The feelings are all there. If I had to pick one thing I didn't like, I'd have to say that gay-for-you stories annoy me a little bit. I understand how it makes sense in the context, but still... it's not something I enjoy. I like the development, though, and how things can work when well written.
I'll lowkey miss reading Brady's POV.
Dos quatro textos presentes na coletânea, gostei muito de dois, e esta nota é mais para esses do que pros outros. A escuridão, de André Carneiro, noveleta publicada 32 anos antes de Ensaio sobre a cegueira, já trata de uma forma bem legal sobre essa ideia da humanidade acometida por uma cegueira sem explicação, enquanto A nós o vosso reino, de Finisia Fideli, é um exemplar da ficção científica “mística” vista na produção brasileira do século XX (encontrei isso também em Comba Malina, de Dinah Silveira de Queiroz). Quanto às outras duas histórias, fiquei um pouco decepcionado, e não consegui nem terminar de ler uma delas, mas segue o baile. Recomendado para pessoas que querem conhecer mais sobre a FC nacional.
Depois de lutar com a memória, decidi que vou mesmo esperar para ler tudo de uma vez nas próximas edições. Mas ó, que legal! Que iniciativa legal, que seleção bacana. É interessante ver como as histórias mudam dentro da gente conforme lemos cada parte, como um conto desinteressante pode se tornar o preferido, e vice-versa. Sigo ansioso pelo que vem por aí.
Ah! Se tiverem que ler uma só história daqui, leiam Tons de rosa. De nada.
A bit long, but surely worth the read, My Lady Jane is a wonderful novel with a most interesting concept; namely, an YA historical retelling with bits of fantasy and a lot of romance. It is a captivating read that brings the reader compelling characters, a fun plot, and a (what I think we could call) “magical system” that both makes sense and is as amusing as, say, Pullman's dæmons—I mean, I guess we all agree that being an Eðian would be almost as good as having a dæmon, don't we?
My favorite character was the main protagonist and title character, Jane, up until I realized Bess is THE Queen Elizabeth I of England, whom I love, so I felt obliged to change that. Jane is my favorite out of the three narrators, though; but rest assured that they're all great in their own ways—Edward has one of the most solid character arcs I've ever seen in YA novels, even though his love story with Gracie is highly extra. If you like History and fun, magical retellings, this is one you won't regret picking up.
I can't say that I had expectations, but boy was I disappointed at this. It's short, and that's truly the best thing about it.
One of the best things I can say about The Fantasy Fiction Formula is that it's very direct. It wants to teach you, it wants to give you information, and so it does, with care, examples, and exercises. Very, very useful stuff. I just wish I had a paperback copy with me—turns out it helps a lot if I feel like it's an actual textbook.
O autor me enviou uma cópia de Imperfeito em troca de uma opinião sincera. Obrigado, Robson!
Minha experiência foi agridoce. A premissa é bem bacana, amo YA com essa temática, queria ter aberto o livro e me apaixonado, mas nenhum personagem me cativou. Nenhum. Nenhum fez com que eu torcesse ou acreditasse nas motivações, nenhum me pareceu real, e acabou que segui só por seguir, sem me envolver com nada. A narrativa do Robson Gabriel é bem tranquila, então não foi exatamente um desafio, mas queria tanto ter me sentido preso, principalmente pelo drama do protagonista mala — e eu entendo que o ponto do livro seja ter um protagonista... bem, imperfeito, mas acho que o leitor precisa de uma compensação; Wuthering Heights tem como personagens as criaturas mais odiáveis da literatura, mas nem por isso a gente deixa de se importar com o que acontece.
Fora isso, tive certos problemas com o excesso de descrições — mas digo que a coisa teria fluido completamente bem se fosse só isso. Termino afirmando que o Robson é um autor promissor, e mal posso esperar para ler outras histórias dele.
[Por que esse livro está classificado como Erótico na Amazon? Até tem uma ou outra cena mais quentes, mas... oi, editora?]
Will I ever get over this novel? Will I ever not want to be reading it? I don't think I will. This is almost a month after finishing, and I still feel like picking it up again. Circe's words are still with(in) me. Madeline Miller's prose is beautiful, simply beautiful, captivating. Her characters are alive, lovely, hateful, present, all of the above—I honestly thought she could never top The Song of Achilles, and I'm not sure she has, but who knows? This might be it. I won't put it past her.
Apesar de não ter sido escrito para uma pessoa como eu, que já tem certo conhecimento sobre a maior parte do que é discutido aqui, De A a Z é um “manual” sólido que cumpre o que promete: apresentar ao escritor novato conceitos importantes dentro da profissão de escritor. O formato de abecedário facilita muito a leitura e instiga a pesquisa, sem dar muita coisa de mão beijada.
Probably not the best Gay Romance has to offer, but Our Secret Wedding provided me with some fun reading during most of my latest trip. I really like that Connor is bisexual instead of a closeted gay guy.
The format makes it short, which is why I chose Infection as my first book this year. It's a fun, light, no-biggie choose-your-own-adventure book “for adults” about the zombie Apocalypse. Now, there are many clichés here, lots of storylines you'll find in every zombie-themed story, but it's okay, they all fit! That's what you expect and that's what you get. Wouldn't recommend it if you want a masterpiece, Nobel-winning novel, but it's lots of fun to play with the possibilities—and with Bandersnatch's popularity, who knows? This might be right up your alley.
Demorei um tempão, mas foi. Tive o azar de pegar esse livro de autoras da Página 7 bem no meio de uma ressaca braba de leitura, o que foi bem triste porque as histórias são super legais, mas deu certo. Meu preferido foi o da Sofia Soter — porque não tem como uma história com assassinatos no Halloween não ser tudo pra mim —, mas vale o destaque pro conto da Iris, também, que é a coisa mais linda.
Como diria o ditado, I am shooketh. Já tinha visto opiniões sobre como Ninguém nasce herói se parecia com a realidade atual do Brasil, mas ainda não estava preparado pro quão palpável a coisa toda chega a ser. Não é uma distopia pós-apocalíptica num mundo deserto e genérico onde todas as pessoas passam fome e odeiam secretamente um ditador maquiavélico. O Escolhido nem chega a realmente aparecer! É uma coisa real, no mundo real, com personagens que defendem o governo e outras que precisam encontrar formas de sobreviver ao se verem como alvos prioritários do governo. É assustador. É muito próximo do que se anuncia para os próximos anos.
Meu único porém seria o último capítulo, que parece... corrido, como se tivesse acabado o prazo e o autor tivesse sido obrigado a se virar pra fechar a história. Não é ruim, de forma alguma, mas cortou um pouco do clima.