Não quero ser A Pessoa Que Critica O Livro Nacional, mas não me dei muito bem com esse — mas, hey, talvez seja seu estilo de livro. Só insisti na leitura porque incluí como parte do meu desafio pessoal de ler 365 contos em 2019. No fim, é mais uma história fix-up do que uma coletânea em si.
Acho que a impressão mais forte deixada por Reino das Névoas é: COMO A CAMILA ESCREVE BEM! Nunca tinha lido nada dela, então me deixem falar aqui como foi bom poder consertar isso. Um outro baita ponto positivo (pra mim) é o tamanho dos contos, que são, na maior parte, curtos — o maior deles é o que dá título à coletânea, uma releitura excelente de Branca de Neve que ocupa mais ou menos metade do livro e vale cada palavra lida.
É estranho pensar que o HIV ainda seja um tabu em 2019. Estranho, mas não surpreendente. Lembro de ouvir falarem da Aids na TV quando eu era criança. Ouvia sobre as DSTs e tudo parecia tão distante. As pessoas não querem tocar nesse assunto, não pensam muito nele, não querem admitir que ele existe e pode estar próximo. Acho que essa é a força de Você tem a vida inteira.
Não sou especialista em livros YA, mas a impressão que tenho é que muitos autores queer também fogem desse assunto. Histórias de gays com HIV ou Aids são, em parte, na minha experiência, encaradas como histórias sobre o Holocausto ou a escravidão: muita gente pensa que não são mais necessárias, que são batidas. Mas eu olho em volta, olho para tudo o que está acontecendo no mundo, e me pergunto se é esse o caso. Falando especificamente da comunidade LGBT e da Aids, quantas pessoas a gente conhece que sabem do peso da epidemia? Do estigma? Medo não é informação. É importante falar disso porque as pessoas estão se esquecendo. A epidemia da Aids foi um golpe imensurável na comunidade, mas as pessoas não se lembram mais.
Falar do HIV nunca vai deixar de ser importante.
Enfim, são quase três da manhã, não sei se estou falando coisa com coisa. Só queria deixar aqui que, mais do que nunca, esse livro importa. Livros assim importam.
Menos o Victor. Moleque mimado insuportável.
Ted Chiang escreve bem daquele jeito que deixa a gente triste por nunca ser capaz de chegar num nível assim. As histórias de História da sua vida e outros contos variam bastante em temática e comprimento, mas todas são muito bem escritas — ou traduzidas, mas aposto que ficaria igualmente impressionado no original.
Eu não gostei muito desse... Não por ser mal escrito (traduzido) nem por nada assim, mas tudo me parecia tão mais do mesmo. Acabei fazendo uma leitura dinâmica ferrada em alguns dos contos porque só conseguia pensar “Nossa, mas de novo um casal heterossexual branco enfrentando problemas de casais heterossexuais brancos ou se conhecendo ou...?” Sei lá. Muitas das histórias também não pareciam ser histórias propriamente ditas, só pedaços de algumas coisas.
Eu comprei uma air fryer e estou passando por uma fase. É tudo o que tenho a dizer.
Pessoalmente, fico entre quatro e cinco estrelas, mas seria um crime marcar menos que cinco por aqui. Se tive problema, foi pessoal: a quebra de ritmo entre as histórias tornou minha leitura mais lenta, eu demorava um bocado para me apegar a cada uma. Mas seria loucura negar que esse livro é muito bem feito, muito bem pesquisado, com uma narrativa magnífica. O que o Samir fez em Quatro soldados não é coisa pouca e merece mais reconhecimento — quero seguir a ordem, então preciso agora pôr as mãos em Homens elegantes, que acredito ser mais romance (no sentido de ser uma única história, sem desvios) do que QS foi.
This was a mess — and I don't even mean it in a bad way; I guess I just couldn't get the point. In this book there's non-fiction, poetry, and what I initially believed was fiction, but now I'm not so sure. In this respect, The Things I Would Tell You is indecisive in a way that didn't agree with me. There are some jewels in here, sure, and I'm happy for having known so many wonderful writers, but personally I need a fixed rhythm to follow.
I spent half of this collection believing it was nice, but then I realized I didn't care for most of its stories. I mean, it's okay. There are one or two really good stories here; most are... meh, and at least one was really, really bad. My favorite definitely was The Other Land Express, by Todd Keisling, which reminded me a lot of Neil Gaiman — loved it! even considered upping my rating a bit because of it, but that would be unfair.
Geralmente, mesmo quando não gosto de um livro, eu costumo entender por que outras pessoas gostam dele. No caso de A redoma de vidro, acontece isso... mais ou menos, não exatamente. Entendo por que é um livro importante e por que teria causado impacto na época em que foi publicado — e, como uma espécie de autobiografia, eu entendo o peso da história. O problema pra mim, como leitor, é que como um romance, da forma que a história é apresentada, não mexe comigo. E acho difícil entender como mexeria com outras pessoas, também. A coisa toda é tratada de forma muito leve, com pinceladas, de uma forma quase corriqueira, e algumas situações são descritas sem que a devida importância seja dada a elas... não sei. Foi a impressão que eu tive.
Probably one of the best collections I've read... ever? Each story brought something new and interesting to the fairy tale it was based on. Congratulations to all involved.
Talvez o problema tenha sido... eu, mas nenhum conto conseguiu me prender. Tipo, nenhum, nenhum mesmo. O último, do Lodi-Ribeiro, foi quaaase, mas aí aconteceram umas heterozices que... hum, não. Pena.
Os deuses sabem que eu estava precisado de um livro bom, mas isso foi mais do que eu jamais poderia querer. Eu já amava o filme, que vi sei lá quando em um Corujão da vida, que não vejo há eras, mas ainda me dá uma sensação muito boa. Os personagens são incríveis, daquele tipo que vivem com a gente e dão saudade depois que vão embora; a história é bem contada — parabéns à tradutora, aliás, Vera Caputo, que fez um excelente trabalho nessa edição; tudo flui bem, bem, bem, bonito e triste, mas não aquela tristeza ruim, que acaba com a gente... é aquela tristeza quase reconfortante, não sei explicar...
É algo.
Que livro triste, em primeiro lugar, mas ao mesmo tempo muito bonito — mérito da autora. A narrativa da Carolina Maria de Jesus é simplesmente incrível, e eu fico me perguntando o que ela teria feito se tivesse mais oportunidades na vida.
“Compreendo que o sonho de pobre é sonhar, apenas sonhar.”
Ao contrário do que parece ser unanimidade nas resenhas, eu gostei do formato curto. Tenho um amor muito grande por livros (noveletas ou novelas, geralmente) que podem ser lidos em um só dia, e não foi diferente com Sombras. Não sabia nada do que esperar, então fui pego por uma surpresa muito gostosa quando percebi que quem dava as caras eram Merlim e Artur, queridíssimos, em uma homenagem clara a As brumas de Avalon — a abordagem da personalidade de Merlin é, aliás, uma das melhores coisas aqui. O começo foi um pouco devagar, e por um momento pude jurar que passaríamos a noveleta toda sem sair da tal reunião, mas as coisas felizmente melhoraram. Mais uma vantagem da narrativa curta: melhoraram logo. Mais uma vez, espero poder ler mais desse universo da Jana no futuro, e um romance com histórias de lobisomens situadas na Idade Média arturiana seria demais, com certeza.
Não sei se é porque ando cansado, mas achei essa edição mais morna do que as outras da Trasgo que cheguei a ler. Alguns contos simplesmente não conseguiram atrair minha atração.
My first audiobook ever! Are you guys proud of me?
I listened to most of this while I walked, finished it in a car trip yesterday. It was nice. Solid plot, some captivating characters, good ending. I don't think I'll be following Cassie through her other adventures, but I had fun listening to this one.
Uma delicinha, misto de dicas, ideias e incentivo. O tipo de coisa que a gente que trabalha com arte precisa ler de vez em quando pra lembrar que não pode deixar a peteca cair.
Cara, esse aqui foi bem melhor do que eu esperava. Amo história e tenho vontade de voltar a estudar/ler sobre história já há algum tempo, mas nem sempre sei por onde começar ou se dou conta de ler obras mais densas sobre o assunto. Além disso, o Brasil me obriga a querer saber mais sobre como essa porra toda aconteceu, a entender melhor o que caralhos está rolando — spoiler: eu ainda não sei exatamente o que caralhos está rolando, mas sei que começou bem antes do que a gente pode imaginar.
É claro que esse aqui não é um livro supercompleto. É claro que, se você é graduando/mestrando/doutorando de história, se você tem uma boa base sobre o assunto ou se você é mais exigente do que eu... bom, esse aqui não é pra você, mas achei muito, muito bacana dentro do que ele se propõe. Até mesmo pra quem quer se lembrar de uma coisa ou de outra, ele é bem legal. Me sinto mais preparado pra procurar coisas mais densas.
Não li numa manhã de sábado. Sim, eu sei, que pecado, mas enfim. A escrita da Aline é gostosa e pode carregar o leitor em qualquer período de qualquer dia da semana, então pra que se limitar? Como já diria a renomada filósofa Sakura Kinomoto, “liberte-se”.
A Aline tem um jeito especial com as palavras, isso é inegável. Apesar de gostar muito dos contos dela que li — e ainda mais do romance que ela publicou pela Rocco —, é na não ficção que ela parece se sentir em casa. Para ela, dissertar sobre as coisas parece ser natural. Eu admiro isso. Como uma pessoa que encontra dificuldade na eloquência, tenho todo meu respeito pela Aline. A nota só fica na metade porque nem todos os assuntos me interessam, mas isso é inevitável. Quem sou eu pra julgar o que entra ou não num livro?
As bobagens são realmente imperdíveis — e nem sempre bobagens —, seja para uma manhã de sábado ou não.
Acho que essa foi a primeira vez que reli Dom Casmurro. Li pela primeira vez há, o quê, dez anos, e sempre trouxe comigo a memória de que é muito bom, excelente. Bom, pois é, é muito bom. É realmente excelente.
Lá pra alguma parte eu me peguei pensando sobre o conceito moderno de spoiler e sobre como a história de Dom Casmurro me parece melhor na releitura, sabendo o que acontece e percebendo as dicas enfiadas no texto. Mesmo pego no meio de uma ressaca braba de leitura, fui reparando na construção da trama como não consegui — ou não lembro de ter conseguido — fazer da primeira vez. O comentário do pai da Sancha sobre a semelhança entre a Capitu e sua falecida esposa é genial.
Ah! E Escobar.
Eu amo o Escobar.
Interessante, ainda que... datado, por falta de adjetivo melhor. A edição bastante bonita (e infelizmente de bolso) da Zahar traz duas versões da história: a mais conhecida, de Madame de Beaumont, e a original, de Madame de Villeneuve. Eu já havia lido o conto de Beaumont antes, então foi como reencontrar um velho amigo, mas tive aqui meu primeiro contato com o romance de Villeneuve, e minha impressão foi... diferente. Não é uma leitura exatamente prazerosa, isso eu posso dizer; principalmente depois do “final feliz”, quando a história deveria terminar, mas não termina, seguindo em frente para contar os backgrounds da Bela e da Fera, com mil fadas e reinos e enfim. É bom ter em mente que A Bela e a Fera foi escrito no século XVIII, e a idade é bem aparente por aqui. A história chega a ser enfadonha, em alguns momentos, mas a persistência não é, ao meu ver, inútil. Em tempos de remakes desnecessários, é sempre bom ter acesso àquilo que deu origem a todo o resto.