Publicado originalmente em 1976, Poema sujo transformou a paisagem da poesia brasileira com sua torrente arrebatadora de versos, expressão máxima de uma subjetividade convulsa pela atmosfera sufocante da ditadura. O poema foi escrito na Argentina, onde o autor se encontrava exilado. Sentia-me dentro de um cerco que se fechava. Decidi, então, escrever um poema que fosse o meu testemunho final, antes que me calassem para sempre , escreveu Gullar. Imaginei que poderia vomitar, em escrita automática, sem ordem discursiva, a massa da experiência vivida lançar o passado em golfadas sobre o papel e, a partir desse magma, construir o poema que encerraria a minha aventura biográfica e literária. Quarenta anos depois, o poema continua atual como nunca.
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“O homem está na cidade
Como uma coisa está em outra
E a cidade está no homem
Que está em outra cidade”
Poema Sujo é um livro que me apareceu de surpresa, depois de ter feito uma aposta comigo mesma de ler mais livros brasileiros. Não esperava muito dele, afinal, não sou a maior fã de poema, mas, meu amigo, como eu estava enganada.
O livro é extremamente curto e pode ser facilmente lido em uma sentada, por assim dizer. Sua escrita é fluída e marcante e, apesar de ter uma divisão entre poemas, o tema central nunca se altera: a saudade daquele cidade que chamamos de casa.
Nunca fui para São Luís do Maranhão, mas me senti dentro de cada rua, de cada beco e de cada casa que compõem a cidade enquanto lia esse poema. Gullar se propõe, no ápice de seu exílio, a clamar por sua terra natal, a concretiza-la em texto, em poema... E ele consegue.
O sentimento de nostalgia é presente durante todo o poema, fazendo doer no peito aquela saudade de casa, aquela saudade da terra natal.
Poema Sujo era tudo o que eu menos esperava e tudo o que eu mais precisava nessa noite de sábado, tão distante da minha casa por conta dessa pandemia.
Recomendo a todos a leitura desse poema. Vocês não vão se arrepender.