Patagónia Express: Apontamentos de Viagem

¡Un viaje al fin del mundo!– Boa tarde – cumprimentei.– Isso é indiscutível. O que deseja, mister?– Preciso de voar para Coca. Pode dizer-me o que tenho de fazer?– Com certeza. Para voar basta agitar os braços, correr para ganhar balanço e encolher as patas. Mais alguma coisa?O livro começa com um encontro com Bruce Chatwin Recordo tudo isto enquanto espero sentado num barril de vinho, de frente para o mar, no Sul do mundo, e tomo notas num caderno de folhas quadriculadas que Bruce me ofereceu justamente para esta viagem. E não se trata de um caderno qualquer. É uma peça de museu, um autêntico Moleskine, tão apreciado por escritores como Céline ou Hemingway, e que já não se encontra nas papelarias. Bruce sugeriu que antes de o usar eu fizesse como ele: primeiro numerar as folhas, depois anotar na contracapa pelo menos duas direcções no mundo, e, finalmente, prometer uma recompensa a quem devolvesse o caderno em caso de perda.e termina com um encontro com [a:Francisco Coloane 134068 Francisco Coloane https://images.gr-assets.com/authors/1296811308p2/134068.jpg], um escritor chileno que alimentou a imaginação do autor.Patagonia Express combina elementos de ficção, aventura e ensaio de viagem, e é uma narrativa envolvente que mistura observações pessoais, histórias locais e reflexões sobre a natureza e a cultura da região.O Patagonia Express é o comboio dos ovelheiros. Todos os fins de Inverno, centenas de chilotes vão até Puerto Natales, atravessam a fronteira e dirigem-se no comboio para as fazendas de criação de gado. São homens fortes que, enfastiados com a pobreza chilota e com a proverbial dureza de carácter das mulheres insulares, saem à procura da sorte no continente. São homens fortes, mas de vida curta. Em Chiloé alimentam-se de mariscos e batatas. Na Patagónia, de borrego e batatas. Muito poucos provaram alguma vez fruta – a não ser maçãs – ou algum legume. O cancro de estômago é uma doença endémica entre os chilotes.