Coletâneas de Contos
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É uma maravilha ter toda a obra de Machado reunida em 9 tomos. Optei começar pelos contos que estão compilados num único volume – 2 , e ainda por cima organizados por colectânea. Uma das grandes falhas destas edições são as capas, absolutamente horrendas.
Contos Fluminenses 1870 ★★★★
Este é o primeiro livro de contos publicado em 1870 e reúne sete contos já previamente publicados nos jornais e folhetins da época. Embora os temas principais sejam o amor, casamento e traição, Machado já faz críticas à sociedade, ao estilo de vida e aos costumes da época, recorrendo ao seu inconfundível estilo sarcástico, ácido e irónico, usando a particularidade de se dirigir directamente ao leitor.
Todos os contos têm um ambiente romântico, mas não nos enganemos, alguns são puro romanesco, outros comédia e outros tragédias (os meus preferidos). Machado, nestes primeiros contos, revela-nos já uma extrema sensibilidade na avaliação da natureza humana.
Miss Dollar ★★★★
A Miss Dollar do romance não é a menina romântica, nem a mulher robusta, nem a velha literata, nem a brasileira rica. Falha desta vez a proverbial perspicácia dos leitores; Miss Dollar é uma cadelinha galga.(...) os olhos verdes são de ordinário núncios de boa alma. Além de que, a cor dos olhos não vale nada, a questão é a expressão deles. Podem ser azuis como o céu e pérfidos como o mar.(...)Se te achas com força de ser o Colombo daquele mundo, lança-te ao mar com a armada; mas toma cuidado com a revolta das paixões, que são os ferozes marujos destas navegações de descoberta.
Luís Soares ★★★★★
Não lia jornais. Achava que um jornal era a coisa mais inútil deste mundo, depois da Câmara dos Deputados, das obras e das missas. Não quer isto dizer que Soares fosse ateu em religião, política e poesia. Não. Soares era apenas indiferente. Olhava para todas as grandes coisas com a mesma cara com que via uma mulher feia.
A mulher de preto ★★★
Um amigo não é coisa que se despreze, acolhe-se como um presente dos deuses.
O segredo de Augusta ★★★
Tinha Augusta trinta anos (...) Conservava a mesma frescura dos quinze anos (...) A sua estatura era mediana, mas imponente. (...) Tinha os cabelos castanhos, e os olhos garços. (...) Augusta vestia com suprema elegância.
Confissões de uma viúva moça ★★★
É tempo de contar-te este episódio da minha vida.Quero fazê-lo por cartas e não por boca. Talvez corasse de ti. Deste modo o coração abre-se melhor e a vergonha não vem tolher a palavra nos lábios. Repara que eu não falo em lágrimas, o que é um sintoma de que a paz voltou ao meu espírito.
Linha reta e linha curva ★★★★
Depois da invenção do fumo não há solidão possível. É a melhor companhia deste mundo. Demais, o charuto é um verdadeiro Memento homo: convertendo-se pouco a pouco em cinzas, vai lembrando ao homem o fim real e infalível de todas as coisas: é aviso filosófico, é sentença fúnebre que nos acompanha em toda a parte.
Frei Simão ★★★★
Frei Simão era um frade da ordem dos Beneditinos.(...) de caráter taciturno e desconfiado. Passava dias inteiros na sua cela, donde apenas saía na hora do refeitório e dos ofícios divinos. Não contava amizade alguma no convento,(...) quando se aproximava o minuto fatal, sentou-se no leito, fez chamar para mais perto o abade, e disse-lhe (...)— Morro odiando a humanidade!
Histórias da meia-noite (1873) ★★★
Esta é a segunda colectânea de contos de Machado, publicada em 1873. Os seis contos circularam originalmente no “Jornal das Famílias” e eram destinados ao público feminino, cujo interesse pela leitura estava em crescendo.
Os temas abordados ainda pertencem, maioritariamente, ao romantismo, mas já conseguimos visualizar o realismo a chegar de mansinho.
Mais uma vez, Machado, através da sátira social e da fina ironia mostra-nos como a sociedade da época encarava o casamento.
A Parasita Azul ★★★
— E a quem ama? pergunta vivamente o leitor.Ama... uma parasita. Uma parasita? É verdade, uma parasita.Deve ser então uma flor muito linda, — um milagre de frescura e de aroma. Não, senhor, é uma parasita muito feia, um cadáver de flor, seco, mirrado, uma flor que devia ter sido lindíssima há muito tempo, no pé, mas que hoje na cestinha em que ela a traz, nenhum sentimento inspira, a não ser de curiosidade. Sim, porque é realmente curioso que uma moça de vinte anos, em toda a força das paixões, pareça indiferente aos homens que a cercam, e concentre todos os seus afetos nos restos descorados e secos de uma flor.
As bodas de Luís Duarte ★★
Que desilusão este conto do Machado.
Ernesto de Tal ★★★
Rosina e os seus dois amores pretendentes.
Aurora sem dia ★★★
Tinham-lhe pintado Camões e Bocage, que eram os nomes literários que ele conhecia, como dois improvisadores de esquina, expectorando sonetos em troca de algumas moedas, dormindo nos adros das igrejas e comendo nas cocheiras das casas-grandes.
O Relógio de Ouro ★★★★
Meu nhonhô. Sei que amanhã fazes anos; mando-te esta lembrança.Tua Iaiá.
Ponto de vista ★★★
Se eu não achar marido como imagino, fico solteira toda a minha vida. Antes isso, que ficar presa a um cepo, ainda que esbelto.
(...) quando vi a nossa formosa Mariquinhas, com o seu véu e sua grinalda de flores de laranja, derramar um olhar tão celeste em torno de si, feliz por se despedir deste mundo de futilidades como é a vida de uma moça solteira.
O coração é um mar, sujeito à influência da lua e dos ventos.
Papeis Avulsos (1882) ★★★★
Foi o terceiro livro de contos publicado por Machado de Assis, e tem aquele que é o meu conto favorito – O Alienista.
O Alienista ★★★★★
Um grande clássico. Como é possível um livro do século XIX ser tão actual?
Segundo os parâmetros do Dr. Simão Bacamarte estaríamos todos internados na Casa Verde.
— Com a definição atual, que é a de todos os tempos, acrescentou, a loucura e a razão estão perfeitamente delimitadas. Sabe-se onde uma acaba e onde a outra começa. Para que transpor a cerca?
É uma história divertida, com muito humor e que nos arranca algumas gargalhadas. Aborda diversos temas como a irracionalidade da ciência e a prepotência dos cientistas, os aspectos morais da sociedade e os desmandos políticos que acabam com um golpe político num livro sobre malucos. A cereja no topo do bolo é quando o alienista se julga alienado e tranca-se na Casa Verde.
— Nada tenho que ver com a ciência; mas se tantos homens em quem supomos juízo são reclusos por dementes, quem nos afirma que o alienado não é o alienista?
Teoria do medalhão ★★★
— Somente não deves empregar a ironia, esse movimento ao canto da boca, cheio de mistérios, inventado por algum grego da decadência, contraído por Luciano, transmitido a Swift e Voltaire, feição própria dos céticos e desabusados. Não. Usa antes a chalaça, a nossa boa chalaça amiga, gorducha, redonda, franca, sem biocos, nem véus, que se mete pela cara dos outros, estala como uma palmada, faz pular o sangue nas veias, e arrebentar de riso os suspensórios. Usa a chalaça.
A chinela turca ★★★
— Ninfa, doce amiga, fantasia inquieta e fértil, tu me salvaste de uma ruim peça com um sonho original, substituíste-me o tédio por um pesadelo: foi um bom negócio. Um bom negócio e uma grave lição: provaste-me ainda uma vez que o melhor drama está no espectador e não no palco.
Na arca ★★★
— Ninfa, doce amiga, fantasia inquieta e fértil, tu me salvaste de uma ruim peça com um sonho original, substituíste-me o tédio por um pesadelo: foi um bom negócio. Um bom negócio e uma grave lição: provaste-me ainda uma vez que o melhor drama está no espectador e não no palco.
D. Benedita ★★
A coisa mais árdua do mundo, depois do ofício de governar, seria dizer a idade exata de D. Benedita. Uns davam-lhe quarenta anos, outros quarenta e cinco, alguns trinta e seis. (...)D. Benedita fez quarenta e dois anos no domingo dezenove de setembro de 1869.
O segredo do bonzo ★★
(...)e entendi que, se uma coisa pode existir na opinião, sem existir na realidade, e existir na realidade, sem existir na opinião, a conclusão é que das duas existências paralelas a única necessária é a da opinião, não a da realidade, que é apenas conveniente.
O Anel de Polícrates ★★★★
A — Rico e pródigo, digo-lhe eu. Bebia pérolas diluídas em néctar. Comia línguas de rouxinol. Nunca usou papel mata-borrão, por achá-lo vulgar e mercantil; empregava areia nas cartas, mas uma certa areia feita de pó de diamante. E mulheres! Nem toda a pompa de Salomão pode dar ideia do que era o Xavier nesse particular. Tinha um serralho: a linha grega, a tez romana, a exuberância turca, todas as perfeições de uma raça, todas as prendas de um clima, tudo era admitido no harém do Xavier.
O empréstimo ★★★★
A sereníssima república ★★★★★
Senhores, vou assombrar-vos, como teria assombrado a Aristóteles, se lhe perguntasse: Credes que se possa dar regímen social às aranhas?A aranha parece-vos inferior, justamente porque não a conheceis. Amais o cão, prezais o gato e a galinha, e não advertis que a aranha não pula nem ladra como o cão, não mia como o gato, não cacareja como a galinha, não zune nem morde como o mosquito, não nos leva o sangue e o sono como a pulga. Todos esses bichos são o modelo acabado da vadiação e do parasitismo. A mesma formiga, tão gabada por certas qualidades boas, dá no nosso açúcar e nas nossas plantações, e funda a sua propriedade roubando a alheia. A aranha, senhores, não nos aflige nem defrauda; apanha as moscas, nossas inimigas, fia, tece, trabalha e morre.Sim, senhores, descobri uma espécie araneida que dispõe do uso da fala; coligi alguns, depois muitos dos novos articulados, e organizei-os socialmente. O primeiro exemplar dessa aranha maravilhosa apareceu-me no dia 15 de dezembro de 1876.
O Espelho ★★★★
Uma Visita de Alcibíades ★★★★
Verba testamentária ★★★★
Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo, precisa apagar o caso escrito.
Histórias sem data (1884) ★★★★
Em 1884, Machado de Assis publica seu livro de contos Histórias sem data, três anos depois de ter publicado o romance Memórias póstumas de Brás Cubas.
A Igreja do Diabo ★★★★
Há muitos modos de afirmar; há só um de negar tudo.
O lapso ★★★
Um médico que trata assuntos da alma.
Último capítulo ★★★★
Há entre os suicidas um excelente costume, que é não deixar a vida sem dizer o motivo e as circunstâncias que os armam contra ela. Os que se vão calados, raramente é por orgulho; na maior parte dos casos ou não têm tempo, ou não sabem escrever.
Cantiga de esponsais ★★★
Singular ocorrência ★★★★
Galeria póstuma ★★★★
Capítulo dos chapéus ★★★
— A escolha do chapéu não é uma ação indiferente, como você pode supor; é regida por um princípio metafísico. Não cuide que quem compra um chapéu exerce uma ação voluntária e livre; a verdade é que obedece a um determinismo obscuro. A ilusão da liberdade existe arraigada nos compradores, e é mantida pelos chapeleiros que, ao verem um freguês ensaiar trinta ou quarenta chapéus, e sair sem comprar nenhum, imaginam que ele está procurando livremente uma combinação elegante. O princípio metafísico é este: — o chapéu é a integração do homem, um prolongamento da cabeça, um complemento decretado ab eterno ninguém o pode trocar sem mutilação. É uma questão profunda que ainda não ocorreu a ninguém.(...)Ninguém advertiu que há uma metafísica do chapéu. Talvez eu escreva uma memória a este respeito. São nove horas e três quartos; não tenho tempo de dizer mais nada; mas você reflita consigo, e verá... Quem sabe? pode ser até que nem mesmo o chapéu seja complemento do homem, mas o homem do chapéu...
Conto Alexandrino ★
Primas de Sapucaia! ★★★
Uma senhora★★★★
Nunca encontro esta senhora que me não lembre a profecia de uma lagartixa ao poeta Heine, subindo os Apeninos: “Dia virá em que as pedras serão plantas, as plantas animais, os animais homens e os homens deuses.” E dá-me vontade de dizer-lhe: — A senhora, D. Camila, amou tanto a mocidade e a beleza, que atrasou o seu relógio, a fim de ver se podia fixar esses dois minutos de cristal.(...) tudo parecia embebê-la de eternidade, e os quarenta e dois anos em que ia não lhe pesavam mais do que outras tantas folhas de rosa. Olhava para fora, olhava para o espelho. De repente, como se lhe surdisse uma cobra, recuou aterrada. Tinha visto, sobre a fonte esquerda, um cabelinho branco. Ainda cuidou que fosse do marido; mas reconheceu depressa que não, que era dela mesma, um telegrama da velhice, que aí vinha a marchas forçadas. O primeiro sentimento foi de prostração.
Anedota pecuniária ★★★★
Fulano ★★★★
A segunda vida ★★★★
Noite de Almirante ★★★★
Manuscrito de um sacristão ★★★★
Ex cathedra ★★★
- Padrinho, vosmecês assim fica cego.- O quê?- Vosmecê fica cego; lê que é um desespero. Não, senhor, deê cá o livro.(...)Era o seu mal; lia com excesso, lia de manhã, de tarde e de noite, ao almoço e ao jantar, antes de dormir, depois do banho, lia andando, lia parado, lia em casa e na chácara, lia antes de ler e depois de ler, lia toda a casta de livros (...)
A senhora do Galvão ★★★★
As Academias de Sião ★★★★
As estrelas, quando viam subir, através da noite, muitos vaga-lumes cor de leite, costumavam dizer que eram os suspiros do rei de Sião, que se divertia com as suas trezentas concubinas. (...)Uma noite, fora em tal quantidade os vaga-lumes, que as estrelas, de medrosas, refugiaram-se nas alcovas, e eles tomaram conta de uma parte do espaço, onde se fixaram para sempre com o nome de Via-Láctea.
Várias Histórias (1896) ★★★
É o quinto livro de contos de Machado de Assis e foi publicado em 1896, quando o autor estava no auge de sua carreira literária.
A Cartomante ★★★★
Entre Santos ★★★★
Uns Braços ★
Um homem célebre ★★
A desejada das gentes ★★★
A causa secreta ★★★
Trio em lá menor ★★★
Adão e Eva ★★★★
O Enfermeiro ★★★★
O Diplomático ★★★★
Mariana (I) ★★★
Conto de Escola ★★★
Um Apólogo ★★★
D. Paula ★★★★
Viver! ★★★
O cônego ou metafísica do estilo ★★★
Páginas Recolhidas (1899) ★★★
No ano de 1899, o Brasil já era uma república, a escravidão já havia sido abolida e Machado de Assis já havia fundado a Academia Brasileira de Letras. No fim desse ano, é publicado seu romance de maior sucesso: Dom Casmurro.
O caso da vara ★★★
O Dicionário ★★★
Um Erradio ★★★
Eterno! ★★★★
Missa do galo ★★★★
Ideias de Canário ★★★
Lágrimas de Xerxes ★★★
Papéis Velhos ★★★
Relíquias da Casa Velha (1906) ★★★
É a última coletânea de textos publicada por Machado de Assis, dois anos apenas antes de morrer.
Pai contra mãe ★★★★
Maria Cora ★★★★
Marcha fúnebre ★★★
Um capitão de voluntários ★★★
Suje-se Gordo! ★★
Umas Férias ★★★★
Evolução ★★★
O Brasil é uma criança que engatinha; só começará a andar quando estiver cortado de estradas de ferro...
Pílades e Orestes ★★★
Anedota do cabriolet ★★★