Leme

Já anteriormente atribuí cinco estrelas a Vanessa Springora e a Tatiana Salem Levy / Joana Jabace por terem tido a coragem de se exporem e de abordarem a violência e o abuso. E, no caso da Madalena Sá Fernandes, também não posso deixar de lhe dar a classificação máxima.

Se é um dos melhores livros do ano? Se tem uma escrita irrepreensível? Obviamente que não, mas é mais uma chamada de atenção em relação a um assunto que deveria ser motivo de preocupação para todos nós.

No seu funeral, a ex-mulher dele, a última, abraçou a minha mãe, a penúltima. As duas choravam muito. Ela disse-lhe ao ouvido: «Era um filho da puta.»

Escrever um livro sobre a violência doméstica sofrida em casa pode ser uma forma extremamente poderosa de catarse, proporcionando uma oportunidade de superação e empoderamento. Existe sempre a esperança de que alguém leia este testemunho e encontre inspiração para se libertar, não deixando de procurar ajuda profissional.

A minha mãe era linda e maquilhava-se muito. (...) Tinha sucesso profissional. (...) Era livre e bem-sucedida. Ele não suportava isso.