A Carne

Querido leitor, gostaria de pedir-te um favor. Que consiste em guardares silêncio.

Uma história que fala sobre a passagem do tempo, dos fantasmas do passado, da solidão, da tirania do sexo, do medo da morte, do fracasso, mas também de esperança, da necessidade de amar, da vida entendida como um jogo em que se devora ou é devorado.

– Sermos malditos é sabermos que o nosso discurso não tem eco, porque não há ouvidos que consigam entender-nos – disse Soledad de repente. – Sermos malditos é não coincidirmos com o nosso tempo, com a nossa classe, com o que nos rodeia, com a nossa língua, com a cultura a que se supõe pertencermos. Ser maldito é desejarmos ser como os outros, mas não conseguirmos. E querer que nos amem, mas só causarmos medo, talvez riso. Ser maldito é não suportarmos a vida e, sobretudo, não nos suportarmos a nós próprios.