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Chaya Pinkhasovna Lispector (1925-1977) nasceu em Tchetchelnik, na Ucrânia. Em Março de 1926 os seus pais, fugidos do antissemitismo generalizado na Rússia durante a Guerra Civil, chegaram ao Brasil e fixaram residência em Maceió - AL. Foi nessa altura que o seu pai decidiu que todos mudariam de nome. Assim, Chaya Pinkhasovna Lispector, aos dois meses, passa a chamar-se Clarice Lispector.A [b:A Bela e a Fera 1423079 A Bela e a Fera Clarice Lispector https://images.gr-assets.com/books/1436206471s/1423079.jpg 823623] é uma colectânea de 8 contos, que foi publicada, postumamente, em 1979. Seis dos contos são dos anos 40, e fazem parte das Primeiras Histórias (faltam os contros Trecho e Eu e Jimmy), os últimos dois são dos anos 70, e fazem parte das Últimas Histórias.“A este volume, que antecedeu sua estreia em livro, juntei seus últimos dois contos, “Um dia a menos” e “A bela e a fera ou A ferida grande demais”, cujos manuscritos foram ordenados por Olga Borelli. Como originalmente não havia título para o livro, escolhi eu mesmo A bela e a fera.” – Paulo Gurgel ValenteSão oito contos cujas personagens principais são Mulheres, românticas e ingénuas, e que sofrem algum tipo de abuso nos seus relacionamentos amorosos. Todos eles falam de escolhas, solidão, fantasias, conflitos internos, condição feminina e de epifanias. É curioso como Clarice, tão novinha – tinha menos de 20 anos quando escreveu estes contos -, consegue através de histórias simples e perfeitamente banais provocar-nos um desconforto que nos acompanha por alguns dias.1940 - História interrompida – um conto triste, melancólico e trágico, em que uma mulher faz uma reflexão sobre o homem que ama.A ideia de que eu estava sendo feliz me enchia tanto que eu precisava fazer alguma coisa, alguma bondade, para não ficar com remorsos. (...) “Eternidade. Vida. Mundo... Amor”?1941 - Gertrudes pede um conselho – Tuda, a personagem principal, tenta encontrar uma perspectiva para a sua vida.“Cada pessoa é um mundo, cada pessoa tem sua própria chave e a dos outros nada resolve; só se olha para o mundo alheio por distração, por interesse, por qualquer outro sentimento que sobrenada e que não é o vital; o ‘mal de muitos' é consolo, mas não é solução.”1941 - Obsessão - Cristina e como as suas inseguranças a levam a relacionamentos abusivos. “Não posso, mesmo agora, lembrar-me do rosto de Daniel. (...) Sei que ele sorria, apenas isso. (...) É que ele me dominava de tal forma que, se assim posso dizer, quase me impedia de vê-lo.”1940 - O Delírio - a incerteza “– Não se assuste. O senhor teve muita febre, delirou... É natural que não se lembre do delírio... nem de nada mais. Ele a encara desapontado. – Ah, o delírio. Você desculpe, no fim a gente não sabe o que aconteceu mesmo e o que foi mentira...”1940 - A Fuga - Uma mulher que apenas aprendeu a ser uma mulher casada”Há doze anos era casada e três horas de liberdade restituíam-na quase inteira a si mesma: – primeira coisa a fazer era ver se as coisas ainda existiam.”“Os desejos são fantasmas que se diluem mal se acende a lâmpada do bom senso. Por que é que os maridos são o bom senso?” 1940 - Mais dois bêbados “– Ouça, vou dizer mais: eu queria morrer vivo, descendo ao meu próprio túmulo e eu mesmo fechá-lo, com uma pancada seca. E depois enlouquecer de dor na escuridão da terra. Mas não a inconsciência. (...)De repente, ele tirou o palito da boca, os olhos piscando, os lábios trêmulos como se fosse chorar, disse:1977 - Um dia a menos - Um dia a mais ou um dia a menos pouco fazem diferença na inexistência de Margarida Mil Flores de Jardim.”Eu desconfio que a morte vem. Morte? Será que uma vez os tão longos dias terminem? Assim devaneio calma, quieta. Será que a morte é um blefe? Um truque da vida? É perseguição? E assim é.”1977 - A Bela e a Fera ou A ferida grande demais - Quando duas classes sociais se encontram no calçadão de Copacabana. Ela, a dondoca, faz pela primeira vez na vida o exercício de ver a sua vida através dos olhos d'Ele, o mendigo, que apenas queria um dinheiro para comer.”– Como é que eu nunca descobri que sou também uma mendiga? Nunca pedi esmola mas mendigo o amor de meu marido que tem duas amantes, mendigo pelo amor de Deus que me achem bonita, alegre e aceitável, e minha roupa de alma está maltrapilha... “Há coisas que nos igualam”, pensou procurando desesperadamente outro ponto de igualdade. Veio de repente a resposta: eram iguais porque haviam nascido e ambos morreriam. Eram, pois, irmãos.”
História interrompida - a juventude narrada por uma voz que no final é dolorida, porque traz o suicídio no qual ela não acreditava do seu primeiro amor, W.
Gertrudes pede um conselho - não gostei. Tuda, a jovem que vai à terapia, passa por todo um processo perante a terapeuta, ela também cheia de dúvidas e necessitada de conselhos... ao fim, parece ter se encontrado, mas eu como leitora não o fiz.
A obsessão - quase novelesco na busca pelo amante, Cristina nos parece crescer no conto.
A fuga - a narrativa de uma mulher que é casada há doze anos e faz um ensaio de fugir do marido. Incrível, você “anda”com ela até o hotel no qual ela pensou em se hospedar, e no fim se decepciona e se conforma junto com ela. Um dos meus dois favoritos.
Um dia a menos - chocante, triste, irônico, começa com um telefonema de engano de Margarida Jardim das Flores e termina com seu fim inesperado. O outro dos meus favoritos.
A bela e a fera - a rica e o mendigo numa parábola nova e velha como o mundo, entre o choque dele e o dela.