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Com este seu primeiro romance, José Falero já se apresenta como um dos nomes mais relevantes da nova literatura brasileira. Ao criar um narrador culto e perspicaz — que contrasta com o dialeto a um só tempo urbano e filosófico da periferia —, o autor mostra seu talento incomum, fazendo uma verdadeira arqueologia da pobreza. Falero nos leva direto ao supermercado Fênix, na região central de Porto Alegre. É ali que trabalham Pedro e Marques, dupla que aos poucos veste a carapuça de um Dom Quixote e de um Sancho Pança amotinados. Moradores de "vila" (a favela no Sul), eles invertem o jogo mesmo que as consequências sejam graves. " Preciso dar um jeito de experimentar as coisa que faz a existência valer a pena, e não vai ser trabalhando que eu vou conseguir isso." Os dois conhecem pessoas que traficam na periferia onde moram, por isso insistem em se manter na legalidade. Mas, diante de uma "seca" de maconha devido ao desinteresse dos traficantes em comercializá-la, e já cansados da exploração do trabalho, os dois amigos decidem entrar para o tráfico. É a única opção para melhorar de vida. E também uma recusa à desumanização do trabalho assalariado. Uma recusa a todo o processo de exploração.
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O bagulho é frenético!!
A história passa-se na periferia da cidade Porto Alegre, mas não deve ser muito diferente em outras cidades brasileiras. Bairros de lata – comunidades, favelas e/ou quebradas, como lhe quisermos chamar – onde a pobreza,
Me mostra alguém que tenha nascido pobre, pobre que nem a gente, e que depois tenha conseguido deixar de ser pobre sem praticar crime nenhum, e sem ganhar na loteria, é claro. Me mostra, sangue bom. Porque pra cada um que tu me mostrar, eu te mostro um milhão que pobre nascero e pobre morrero.
a violência
Nascera e se criara na Vila Campo da Tuca, bairro Partenon, vendo de perto a violência nas mais variadas formas, e seus amigos de lá — amigos de infância — tinham se tornado prostitutas, traficantes, ladrões, viciados, vigaristas ou, a exemplo dele, tinham assumido um posto de trabalho qualquer, na parte mais baixa da pirâmide social — da pesada pirâmide social.
e o tráfico de droga
Droga, droga mesmo, era de cocaína para cima.
são uma realidade diária.
Pedro e Marques são dois funcionários de supermercado que trabalham como supridores (repositores de supermercado). Apesar do seu empenho no trabalho, ambos chegam à conclusão de que não conseguem melhorar a sua posição social. Influenciado pelas suas leituras durante os trajectos de autocarro, Pedro adopta uma perspectiva marxista e convence Marques, que já tem um filho e uma esposa grávida, a juntar-se a ele na busca por uma vida mais próspera. Decidem, então, seguir pelo caminho da venda de maconha como uma forma de alcançar o enriquecimento.
O ritmo acelerado da narrativa proporciona uma leitura empolgante com muita acção e algum humor q.b.
A escrita combina duas linguagens diferentes: uma erudita e bem construída, outra com o uso virtuoso da oralidade, sotaque e gírias de POA.
Como diz Mário de Andrade em Macunaíma (...) nas duas línguas da terra, o brasileiro falado e o português escrito.
É um livro que fala sobre a dura realidade na periferia, de preconceito, marginalidade, ignorância e pobreza.