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Aparentemente um livro de contos, histórias de enredos simples, mas romanticamente transcendentes, representam os passos de um homem em torno da sua existência, sem respostas paradigmáticas, num vazio que se procura transformar em matéria. Sobeja-lhe o corpo, divino, prodigioso e redentor, onde regressa sempre.
«Talvez pudesse ouvir passos junto à porta do quarto, passos leves que estacariam enquanto a minha vida, toda a vida, ficaria suspensa. Eu existiria então vagamente, alimentado pela violência de uma esperança, preso à obscura respiração dessa pessoa parada. Os comboios passariam sempre. E eu estaria a pensar nas palavras do amor, naquilo que se pode dizer quando a extrema solidão nos dá um talento inconcebível. O meu talento seria o máximo talento de um homem e devia reter, apenas pela sua força silenciosa, essa pessoa defronte da porta, a poucos metros, à distância de um simples movimento caloroso. Mas nesse instante ser-me-ia revelada a essencial crueldade do espírito. Penso que desejaria somente a presença incógnita e solitária dessa pessoa atrás da porta.»
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Interpreto todo este livro como uma espécie de diário produzido a altas horas da madrugada, um método viável para quem aparenta sofrer de insónias e queria partilhar o que lhe percorria a alma. De modo a compreender cada capítulo, é necessário estarmos aptos para os ler, querendo apenas dizer que cada palavra se afigurará um enigma se não estivermos no “mood” para as interpretar. Uma obra bonita, poética, por vezes trapaceira, mas ainda assim... Um livro que nos torna mais introspectivos!