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«Teve uma infância estranha», disse Austin. «Em última análise, todas as infâncias o são», disse Mister DeLuxe. «Molero Diz», disse Austin, «que a infância do rapaz foi particularmente estranha, condicionada por questões de ambiente que fizeram dele, simultaneamente, actor e espectador do seu próprio crescimento, lá dentro e um pouco solto, preso ao que o rodeava e desviado, como se um elástico o afastasse do corpo que transportava , muitas vezes, o projectasse brutalmente contra a realidade desse mesmo corpo, e havia então esse cachoar violento do que era e a espuma do que poderia ser, a asa tenra batendo à chuva». (...)
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Ler O que diz Molero não só me possibilitou a tomar contacto com a tão admirável escrita de Dinis Machado - um escritor que, citando Nuno Artur Silva no posfácio deste livro, ‘‘não era do «mundo literário», da literatice, dos protocolos e dos salões. O Dinis era da vida.'' - como me alimentou ainda mais o interesse pela literatura portuguesa, que tem vindo a crescer. E foi assim que um escritor que há tempos me era totalmente desconhecido me cativou, e de que maneira, com esta obra fenomenal e espero sinceramente muito em breve estar a ler mais uma das suas obras.
Dei apenas quatro estrelas porque a constante enumeração e descrição super pormenorizada chega a adquirir um carácter um pouco enfadonho, mas aparte disso estou bastante satisfeita.
Para concluir e porque os sentimentos que este livro despertou em mim são altamente indescritíveis, cito novamente Nuno Artur Silva, que salienta que ‘‘A alegria do livro é a alegria da mistura de registos, do trágico e do cómico, do pícaro e do dramático, do palavrão e da poesia, das enumerações e o indizível, da tristeza e da beleza, a alegria da liberdade''.