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Obra conjunta – Volume I
O País do Carnaval – Pág. 21 à 157 - ⭐️⭐️⭐️⭐️
Cacau – Pág. 158 à 279 - ⭐️⭐️⭐️⭐️
Suor – Pág. 283 à 431 - ⭐️⭐️⭐️⭐️
Suor
Hotel do Pelourinho, Salvador, Bahia, Brasil
Suor, tal como Cacau, retrata um dia-a-dia de miséria, de ignorância, de lixo, e de todo o tipo suores pertencentes a uma população carenciada, abusada e sem esperança no futuro.
Visto da rua o prédio não parecia tão grande. Ninguém daria nada por ele. É verdade que se viam as filas de janelas até o quarto andar. Talvez fosse a tinta desbotada que tirasse a impressão de enormidade. Parecia um velho sobrado como os outros, apertado na ladeira do Pelourinho, colonial, ostentando azulejos raros. Porém era imenso. Quatro andares, um sótão, um cortiço nos fundos, a venda do Fernandes na frente, e atrás do cortiço uma padaria árabe clandestina. 116 quartos, mais de 600 pessoas.(...)Um mundo. Um mundo fétido sem higiene e sem moral, com ratos, palavrões e gente. Operários, soldados árabes de fala arrevesada, mascates, ladrões, prostitutas, costureiras, carregadores, gente de todas as cores, de todos os lugares, com todos os trajes, enchiam o sobrado. Bebiam cachaça na venda do Fernandes e cuspiam na escada, onde por vezes, mijavam. Os únicos inquilinos gratuitos eram os ratos.
A narrativa é uma sucessão de contos que nos vão contando as histórias de alguns dos moradores do 68, onde a exploração, o racismo, a opressão revelam uma condição social adversa.
Cacau
Este livro está sem seguimento. Mas é que ele não tem propriamente enredo e essas lembranças da vida da roça eu as vou pondo no papel à proporção que me vêm à memória. Li uns romances antes de começar Cacau e bem vejo que este não se parece nada com eles. Vai assim mesmo. Quis contar apenas a vida da roça. Por vezes tive ímpetos de fazer panfleto e poema. Talvez nem romance tenha saído.
O País do Carnaval
Considerado subversivo, O País do Carnaval estava entre os livros de Jorge Amado que foram queimados em praça pública em Salvador, por determinação da polícia do Estado Novo, em 1937.
O primeiro romance de Jorge Amado foi escrito quando ele tinha apenas 18 anos, e foi publicado em 1931. Surpreendeu o público com a sua aguçada crítica política e foi bem recebido pela crítica em geral.
O poeta Augusto Frederico Schmidt abre a 1ª edição com uma carta-prefácio
Seu livro deve ser visto de uma maneira diversa da que se olham obras de ficção. É, antes de tudo, um forte documento do que somos hoje, nós, mocidade brasileira, mocidade sem solução, fechada em si mesma, perdida numa terra que nos dá a todo o momento a impressão de que sobramos, de que somos demais.
Antes mesmo de iniciarmos o romance recebemos uma Explicação do que por aí vem.
Diante da grandiosidade da natureza, o brasileiro pensou que isto fosse um circo. E virou palhaço...Este livro pretende contar a história de um homem que, tendo vivido na velha França muito tempo, voltou à Pátria disposto a encontrar o sentido da sua vida.Conta a sua luta, o seu fracasso. Conta a luta dos seus amigos, rapazes de talento, que falharam na existência. (...)Este livro narra a vida de homens céticos que, entretanto, procuram uma finalidade. Tentaram alcançá-la. Uns no amor, outros na religião. O fracasso das tentativas não é prova da sua inutilidade.Este livro pretende ser humano. Por mais que pareçam artificiais os seus heróis, eles vivem. Porque, procurando bem, até homens inteligentes se encontram no Brasil.Mais do que humano, este livro tem veleidades de humanitário. (...)Este livro tem um cenário triste: o Brasil. Natureza grandiosa que faz o homem de uma pequenez clássica.A sátira, no Brasil, só a praticam os papagaios. (...)Este livro é como o Brasil de hoje. Sem um princípio filosófico, sem se bater por um partido. Nem comunista, nem fascista. Nem materialista, nem espiritualista. Dirão talvez que assim fiz para agradar toda a crítica, por mais diverso que fosse o seu modo de pensar. Mas afirmo que tal não se deu. Não me preocupa o que diga do meu livro a crítica. Este romance relata apenas a vida de homens que seguiram os mais diversos caminhos em busca do sentido da existência. Não posso bater-me por uma causa. Eu ainda sou um que procura...Eu quisera intitular este romance de Os homens que eram infelizes sem saber por quê, mas a gente tem vergonha de certas confissões. E fica-se vivendo a tragédia de fazer ironias.Os defeitos deste livro são a minha maior honra.
Jorge Amado, 1930