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Eu ainda não tinha parado para pensar muito nesse livro até escutar a música “Pretend” da Orla Gartland e me deparar com a frase “oh, who are you so afraid to be?”
Angel Rahimi é a sua típica adolescente britânica prestes a entrar no mundo adulto. Sua vida gira em torno de apenas uma única coisa: a banda The Ark e, principalmente, o vocalista desta, Jimmy Kaga-Ricci.
O que poderia ser apenas mais uma das histórias de romance impossível entre uma fã e um cantor famoso se torna, na verdade, uma importante lição sobre valores, vida e, porque não, identidade.
Angel é uma menina alegre, divertida e animada, justamente por ter esse comportamento extrovertido e amigável, grande parte de seus problemas e suas inseguranças são jogadas no fundo de um baú esquecido em algum lugar de um sótão escuro e empoeirado.
Angel, em seu âmago, não tem a mínima ideia do que quer para essa vida e, ainda pior, no que ela poderia ser boa, tendo sua vida inteira sido mediana em tudo que envolvia a vida escolar.
Como não se sentir um pouquinho representado, não é mesmo?
Por não querer lidar com essas inseguranças relativas ao futuro, Angel se enfurna em sua vida de fã, tendo a certeza que cada lacuna de sua identidade seja preenchida com o The Ark.
O livro explora muito essa questão da insegurança e da dúvida, convidando Angel a sair de seu pequeno e desconfortável casulo e perceber que o mundo real não precisa ser assim tão assustador. Na verdade, mais do que isso, junto de Angel percebemos que muito daquele mundo real estava sendo perdido, justamente por sua própria fixação.
Muitas vezes o futuro parece um local distante e assustador, borrado pela incerteza e coberto pela complexidade. As vezes é difícil nos distanciarmos de nossos pensamentos e compreendermos, de verdade, quem somos e o que queremos. O grande medo de Angel, de se perceber um ninguém além do The Ark, acaba por cortar todas as possíveis relações e situações fora destes. Acaba por corta-la de ser quem ela realmente era.
Afinal, de quem Angel estava com tanto medo de ser?
Afinal, de quem nós temos tanto medo de ser?