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Vinda do agreste, Gabriela chega a Ilhéus em 1925, em busca de trabalho. É levada do “mercado dos escravos”, lugar onde acampam os retirantes, pelo árabe Nacib. O dono do bar Vesúvio não atenta de imediato para a beleza da moça, escondida sob os trapos e a poeira do caminho. Não tarda, porém, a descobrir que ela tem a cor da canela e o cheiro do cravo. Em breve, todos os homens da cidade vão se render aos encantos de Gabriela.
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Jorge Amado publicou Gabriela, Cravo e Canela em 1958, mas a história passa-se na década de 1920 na cidade de Ilhéus, localizada na região cacaueira da Bahia.
Do romance, surgiram as telenovelas Gabriela, Cravo e Canela (TV Tupi, 1960), com Janete Vollu; Gabriela (TV Globo, 1975), com Sônia Braga; Gabriela (TV Globo, 2012), com Juliana Paes, e ainda o filme Gabriela, Cravo e Canela (1983), com Sônia Braga e Marcello Mastroianni.
A história começa com dois acontecimentos importantes, e que são determinantes para toda a história:
• O assassinato de Sinhazinha e Dr. Osmundo pelo marido dela, o coronel Jesuíno Mendonça.
• O navio ita* encalhado à entrada da barra de Ilhéus.
Assistimos às transformações políticas e sociais que ocorreram no Brasil na década de 1920. O país passava por uma transição da economia agrária para uma economia urbano-industrial, o que trouxe mudanças significativas para as estruturas sociais e políticas.
Há um confronto entre classe dominante conservadora e aqueles que defendem o progresso e a mudança.
Aliás, Jorge Amado apresenta uma crítica ao poder oligárquico e dos coronéis que dominavam o cenário político da época, através de personagens políticos corruptos e autoritários, como o coronel Ramiro Bastos, que usam sua influência para manter o status quo e perpetuar as suas próprias vantagens económicas, mantendo as desigualdades sociais e a exploração do povo.
O poder dos coronéis assenta num sistema de poder baseado em laços de lealdade pessoal e submissão ao “coronel”.
O progresso chega a Ilhéus através de Mundinho Falcão, um jovem que tem como objetivo modernizar a cidade, produzir riqueza, e acima de tudo desafiar o poder instituído construindo um porto em Ilhéus.
E, quando os grandes cargueiros viessem buscar o cacau no porto de Ilhéus, então poder-se-ia falar realmente em progresso...
Paralelamente a todos estes embates sociais e políticos desenrola-se a história de Nacib, um comerciante sírio dono do bar Vesúvio, e Gabriela, uma retirante nordestina que se torna sua cozinheira.
Gabriela desafia as normas sociais e dá voz à opressão que as mulheres enfrentam. Ela representa uma figura feminina sensual, livre e dona de si mesma, em contraste com os papéis tradicionais impostos às mulheres naquela sociedade patriarcal.
É uma mulher que se recusa a ser subjugada e controlada pelos homens. Ela rejeita as convenções sociais que limitam a liberdade e a expressão feminina, e busca viver de acordo com seus próprios desejos e necessidades. É a representação simbólica de resistência feminina e de questionamento das estruturas opressivas e dos papéis de género tradicionais.
Ao longo da história, Gabriela é confrontada com o machismo e a opressão de homens que tentam controlá-la, restringir a sua liberdade e limitar seu poder. No entanto, ela mantém-se fiel a si mesma, resiste a essas pressões e defende a sua autonomia. A personagem Gabriela permite-nos observar as injustiças e as dificuldades enfrentadas pelas mulheres na sociedade da época.
Na minha opinião a grande personagem deste romance é Ilhéus. A cidade é vibrante, tem a sua própria personalidade, e evolui ao longo da história. As descrições da cidade são minuciosas, e cheias de vida. A cidade é marcada pela diversidade cultural, com influências africanas e nordestinas presentes na música, na culinária e nas tradições. Mas também reflete as tensões e os conflitos sociais, políticos e culturais da época, além de ser um elemento central para a compreensão das transformações e das lutas presentes na história.
* Ita era o nome dos navios a vapor brasileiros e que tinham nomes em tupi-guarani iniciados pelas sílabas ita: Itaberá, Itagiba, Itaguassu, Itahité, Itaimbé, Itaipu, Itajubá, Itanagé, Itapagé, Itapé, Itapema, Itapuca, Itapuhy, Itapura, Itaquara, Itaquatiá, Itaquera, Itaquicé, Itassucê, Itatinga, Itaúba.
Estuvo bien, Jorge Amado me metió en Ilhéus y me dieron hasta ganas de ir. Sin embargo me faltó más Gabriela, sentí que las cosas pasaban y se narraban siendo ella siempre el detonante, y dejándola sin mucha complejidad en cuanto protagonista.
“O amor não se prova, nem se mede. É como Gabriela. Existe, isso basta. O fato de não compreender ou explicar uma coisa não acaba com ela. Nada sei das estrelas, mas as vejo no céu, são a beleza da noite.” ❤️