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Nas minhas pesquisas sobre finalistas/vencedores de prémios literários encontrei Elvira Vigna.
Alguns dias mais tarde ouvi a notícia da sua morte, e achei que seria agora o momento de conhecer aquela que alguns chamam “uma das mais importantes autoras brasileiras”.
Na dúvida por onde começar, optei pelo seu último livro “Como se estivéssemos em palimpsesto de putas”, e que é considerado, por muitos, a sua obra-prima.
palimpsesto | s. m.pa•limp•ses•to |ê| substantivo masculinoManuscrito em pergaminho que os copistas na Idade Média apagaram, para nele escrever de novo, e cujos caracteres primitivos a arte moderna não conseguiu fazer reaparecer.
Não foi fácil! Nada fácil!
Logo no início estive quase a desistir da leitura. Não estava a estava a perceber patavina daquilo. As palavras em português, sozinhas na sua solidão eu até sabia o significado, o problema era quando se juntavam todas e o texto me parecia uma algaraviada de disparates.
Dei por mim mais perdida que cego em tiroteio, mas a teimosia veio ao de cima, reiniciei e de repente tudo começou a fazer sentido e a leitura fluiu.
Com uma narrativa diferente, uma escrita inteligente, arrojada, que nos cerca como uma sebe viva, com frases curtas, duras, onde tudo se revela ou tudo se esconde, ausência de adjectivos, e com recurso a repetições, Elvira vai-nos conquistando aos poucos até estarmos completamente reféns.
Uma história sobre relações interpessoais, machismo, egoísmo, traição, preconceitos e estereótipos, que nos atinge como um murro no estômago e que nos desafia a pensar.