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[EDITADA A 06/08/21]
Este livro é daqueles que são difíceis de avaliar, porque há uma dicotomia entre a cabeça e o coração. Quando o terminei, fiquei com uma sensação de “este livro é mau”, e deixei aqui uma review bastante assertiva com uma descrição detalhada de todas as coisas que detestei e com um toque de humor ácido pouco construtivo.
Mas essa sensação foi-se esvanecendo à medida que refletia mais sobre ele e ia vendo opiniões diferentes por aí. Não aquelas de “perfeito, maravilhoso, melhor livro do mundo”, mas sim aquelas que realmente refletem sobre ele. Inclusive, o plano era depois vender o livro, passá-lo a alguém que talvez fosse gostar mais, mas dei por mim a não conseguir fazê-lo. Não só isso, mas dei por mim a olhar para ele com alguma admiração.
Depois, tive a oportunidade de conversar com outras pessoas sobre ele. Fui vendo o impacto que este livro teve noutras pessoas. Vi a forma como este livro fez algumas pessoas ler pela fantasia pela primeira vez, e a partir dele dar oportunidade a outros livros do género. Vou longe ao ponto de dizer que Aquorea é o Crepúsculo da fantasia portuguesa.
É uma comparação muito específica, eu sei. Mas é porque Crepúsculo também me deixou com sensações muito contraditórias quando o li, e até hoje não considero que sejam livros particularmente bons. Mas reconheço o que é que atrai as pessoas para eles, o impacto que teve no mercado editorial e a importância que teve em milhares (milhões?) de jovens leitores pelo mundo. E sinto que Aquorea está a ter um impacto semelhante entre os jovens leitores portugueses.
A minha opinião “técnica” sobre o livro não mudou. Continuo a achar que a relação entre o Kai e a Ara não é saudável, que há espaço para más interpretações em algumas cenas, que os diálogos não são verissímeis, que alguns personagens têm comportamentos que não têm justificação ou perdão. E há alguns pontos que podem ser melhorados em termos de escrita (que, mesmo assim, vai melhorando ao longo do livro) e de construção dos personagens, além de cenas um pouco desnecessárias (como a descrição retalhada da rotina diária da Ara). E gostava de ter tido mais “emoção” da parte dos personagens, mais sentimentos no lugar de pensamentos. E os anacronismos, que eu tive alguma dificuldade em aceitar.
Mas em tudo há um balanço. E tenho de elogiar a tentativa da autora em trazer alguma (ainda que leve) representatividade LGBT — e não apenas MLM, mas WLW! —, a história original, a construção do mundo de Aquorea, os plot-twists que são completamente inesperados. Há pozinhos de critica social e política aqui e ali, há representação de problemas sérios (nomeadamente toxicodependência, comportamentos autodestrutivos, o luto familiar, o luto entre amigos); acho que é um livro quase exclusivamente young-adult, não tanto “para todas as idades”, mas sendo young-adult está “no ponto” para esse público.
Passei uma madrugada inteira a ler e fiz alguns jogos de motivação para quando tinha alguma dificuldade em avançar. Gostei particularmente das personagens da Petra do Gensay. Gostava de ter tido mais do Beau, saber mais sobre ele, mas tenho esperança que no segundo volume tenhamos um pouco mais. E não mencionei na review anterior, mas o plot-twist associado à Umi é qualquer coisa de incrível (não quero dar spoilers, maaaasss). Eu não suportei o Kai durante a maioria do livro, mas ele depois sofre uma digievolução que o fez cair um pouco mais na minha simpatia (o glow up que ele merecia).
Os meus maiores “problemas” estão mais na primeira metade do livro, mas na segunda parte ele torna-se progressivamente mais interessante e a ação torna-se mais “viciante”. E no final do dia, aprendi algumas coisas com este livro.
Fico feliz em saber que vai haver um segundo livro, porque há aqui muito potencial. E reitero que o impacto deste livro no mercado português deve ser exaltado, porque é inegável. É realmente muito bom ver um livro de fantasia YA a alcançar tantas pessoas e a chegar aos corações de tantos leitores que antes não apreciam o género. E é português! E apesar de eu não me ter apaixonado por ele, fico feliz por todas as pessoas que o adoraram.
p.s.: No grupo sul-coreano “EXO” existe um artista cujo stage-name é Kai. Eu passei o livro inteiro a imaginá-lo a ele como Kai.