Ratings4
Average rating3.5
« A Falência é o justo resgatar de um dos nomes mais estimulantes das letras brasileiras do virar se século XIX para o XX, um livro ao melhor estilo realista que pode ser posto a par de obras como a de Machado de Assis.» Isabel Lucas, Público Uma obra lúcida e sagaz de Júlia Lopes de Almeida, ícone do modernismo brasileiro. Francisco Teodoro é um homem ambicioso à frente de um florescente negócio de exportação de café. Na busca de protagonizar um quadro social ideal, casa com a bela Camila, jovem de origens humildes, para com ela constituir família. Com o passar dos anos, a paixão de Teodoro continuará a ser o dinheiro; a de Camila, o dr. Gervásio. Acomodada ao conforto que o marido lhe providencia, mas totalmente alheia aos negócios do mesmo, é apanhada de surpresa, quando, num revés do destino, a fortuna se eclipsa. Considerado um dos romances brasileiros mais emblemáticos do final do século XIX, A Falência expõe a decadência económica e moral de uma burguesia urbana hipócrita, dominada pelo machismo e incapaz de superar a sua dependência das estruturas esclavagistas que acabavam de ser abolidas. «Os senhores romancistas não perdoam às mulheres; fazem-nas responsáveis por tudo —como se não pagássemos caro a felicidade que fruímos!» Introdução de Alva Martinez Teixeiro. Os elogios da crítica: «Com a reedição de parte da sua obra — sobretudo A Falência — talvez consiga o lugar de imortal que injustamente lhe foi negado em 1897. Não estamos diante de um fenómeno apenas curioso: o da mulher que devia ter-se sentado na Academia Brasileira de Letras. A Falência existe enquanto materialização de um processo de apuramento literário de alguém que perseguiu a literatura como uma forma de reflectir sobre mundo.A Falência é o justo resgatar de um dos nomes mais estimulantes das letras brasileiras do virar se século XIX para o XX, um livro ao melhor estilo realista que pode ser posto a par de obras como a de Machado de Assis.» — Isabel Lucas, Público
Reviews with the most likes.
Júlia Lopes de Almeida nasceu em 1862, no Rio de Janeiro, filha dos emigrantes portugueses Adelina Pereira Lopes, musicista, e Valentim José da Silveira (Visconde de São Valentim), médico. A família pertencia à classe alta, o que proporcionou uma excelente educação à promissora escritora.
O pai de Júlia descobriu a vocação da filha, e incentivou-a a que escrevesse um artigo para a Gazeta de Campinas. E foi assim que tudo teve início. Júlia foi uma escritora com uma vasta produção literária conseguindo, à época, viver dos rendimentos da sua profissão.
Era uma mulher muito à frente do seu tempo, era republicana, defendia a educação feminina, o divórcio e a abolição da escravatura.
... Os povos mais fortes, mais práticos, mais ativos, e mais felizes são aqueles onde a mulher não figura como mero objeto de ornamento; em que são guiadas para as vicissitudes da vida com uma profissão que as ampare num dia de luta, e uma boa dose de noções e conhecimentos sólidos que lhe aperfeiçoem as qualidades morais. Uma mãe instruída, disciplinada, bem conhecedora dos seus deveres, marcará, funda, indestrutivelmente, no espírito do seu filho, o sentimento da ordem, do estudo e do trabalho, de que tanto carecemos.
- Júlia Lopes de Almeida, em A Mensageira
Júlia Lopes de Almeida teve uma vida intelectual bastante activa, fez parte do grupo de intelectuais que criaram a Academia Brasileira de Letras, mas o seu nome não foi incluído. Era mulher - a ABL era um clube do Bolinha – e em vez dela foi considerado o nome do marido, Filinto de Almeida – Cadeira 3, sem produção literária de destaque.
Após a sua morte, em 1934, Júlia Lopes de Almeida foi caindo no esquecimento, mas o seu regresso aos escaparates das livrarias deveu-se à leitura obrigatória para o vestibular da Unicamp.
Aos mais desatentos (onde me incluo) há em Lisboa um busto da escritora, ali no Jardim Gomes de Amorim.
O monumento, obra de Margarida Lopes de Almeida, composto de busto em bronze sobre pedestal de pedra, foi oferecido pelas mulheres brasileiras às mulheres portuguesas. O busto, executado em 1939, só viria a ser inaugurado, no Jardim Gomes de Amorim, localizado na Praceta da Av. António José de Almeida, em 28 de Março de 1953.
São várias falências
O livro conta a história de Francisco Teodoro, um português, proprietário de um armazém de café, que enriqueceu com o comércio do café, e a esposa Camila, uma mulher de origem pobre, que arranja o casamento como forma de sair da situação que vivia com a família.
Teodoro e Camila tiveram quatro filhos: Ruth, Lia, Raquel e Mário. Junto com a família vive Nina, uma sobrinha de Camila, que assume algumas tarefas na casa e, inevitávelmente, apaixona-se pelo primo Mário, um boémio que se aproveita da mordomia de ter uma família com posses. Noca, uma ex-escrava, é a empregada que faz tudo na casa da família.
Uma das visitas assíduas é o Dr. Gervásio, que Teodoro já considera “de casa”, sem perceber que além da amizade, o médico tem um caso com a mulher.
A falência da família acontece quando Teodoro é seduzido a investir na bolsa de valores, e devido à queda do valor do café, perde toda a sua fortuna. É a falência económica.
Mas há outras falências nesta história, a social, a familiar a ética e a moral. Uma história interessante que aborda muitos assuntos, alguns continuam na ordem do dia.
#incunábulos @mastodon
A história da autora é muito interessante e já vale buscar sua escrita; mas independente disso, o livro é vanguardista e interessante.