Não ando sabendo lidar com tantos livros bons neste ano (ainda que este livro não seja deste ano, essa afirmação ainda está valendo) – e isso me deixa realmente muito feliz. Mas vamos falar sobre o que interessa: Graffiti Moon. Essa foi uma história incrivelmente fofa, divertida na medida certa e muito bem escrita.
Provavelmente (na verdade não tem nada de provável, é mesmo) essa é só a minha opinião, mas a narrativa transborda aquele tipo mágico de trama que mais do que fazer você entender as situações e os personagens, te agarra e te deixa marcado [de uma maneira boa]. E eu definitivamente não estava esperando por isso – para falar a verdade, quando li a sinopse esperava mais ou menos uma outra história (mais uma) adolescente (afinal, os personagens são adolescentes), mas sua profundidade e fio condutor me surpreendeu.
É muito singular [e aqui está aquela mágica que comentei agora pouco] o equilíbrio entre narrativa e personagens. Porque sim, a história é sobre o que acontece em uma noite específica, mas também é sobre cada um (e todos) dos personagens. Esta é uma história sobre quem eles são e como eles mudaram e chegaram até ali, sobre suas amizades, anseios, medos, esperanças. É sobre lutar para sobreviver no mundo real, sobre fazer decisões, sobre momentos em que as palavras não bastam. É uma história sobre a vida [de Lucy, Ed, Daisy, Jazz, Beth, Leo e Dylan] – e é provavelmente um dos melhores young adult que eu já li (se fose em outro momento, eu diria que estou embasbacada).
Eu não sabia nada sobre a Cath Crowley, mas o tipo de humor que ela conseguiu imprimir em seus parágrafos me agarrou pela mão e me conduziu até o final. Mas, veja bem, esse não é aquele humor para morrer de rir, é aquele que você não espera, natural, sem situações formatadas para fazer rir. Outro detalhe que me ganhou foram os versos livres do Poeta espalhados em momentos bastante pontuais da trama. – voltei a ler poesia recentemente e sei que muitos leitores acham difícil ler esse gênero literário [que, convenhamos, é muito mais rápido de ler], por isso, na minha opinião, não há melhor maneira de começar a ler poesia do que no meio de um romance adolescente.
Graffiti Moon me fez pensar sobre os grafiteiros que andam pela minha universidade – qual a linha que divide arte de vandalismo? –, seus desenhos e palavras pelos muros e escadas e como seria me sentir tão impactada por um desenho na parede (esse tipo de impacto eu só conheço/alcanço com poesia) quanto Lucy fica com aspinturas do Sombra. O que eu sei com certeza é que agora quero conhecer Melbourne, andar por suas ruas, caçar os grafites do Sombra pelas paredes e me perder em suas cores e nas palavras do Poeta – é pedir muito? (hahaha)
Aqui
Ela diz que vai me perdoar
Diz que é só dessa vez
Diz vai em frente e me beija
Diz enrola o meu cabelo
Diz era isso mesmo que eu estava procurando
Diz que está feliz porque o frio chegou
Eu digo que quero vê-la amanhã
Ela aponta o dedo pro céu
E diz que é aqui
Então, antes de soltar algum spoiler, tudo o que me resta dizer é que vida e emoção transbordam dessas páginas. Em apenas uma noite, Cath Crowley consegue fazer com que o leitor experimente mais emoções do que imaginável e, obviamente, derreter o coração em vezes sem conta.
Este livro é como uma pintura do Sombra na parede e eu fiquei encantada com tudo o que vi aqui. Assim, só me resta te falar para ler a história de Lucy, Ed e seus amigos – porque perseguir um grafiteiro pela noite nunca foi tão interessante.
Eu realmente não queria que este livro acabasse, mas aqui estamos nós. Percorremos uma longa jornada desde o primeiro volume da saga Lux e seu final foi digno de todas as aventuras e dores que seus personagens tiveram que enfrentar.
Opostos começa pouco tempo depois da cena em que Originais (resenha aqui) parou. Estamos em uma zona de guerra, com a invasão alienígena e diversos ataques contra humanos – são tempos difíceis. Mas não temos tempo para ficarmos ansiosos ou desesperados com a união de Daemon e companhia aos Luxen recém-chegados porque há uma sucessão de outros fatos [envolvendo o primeiro] que prendem nossa atenção e nos deixam literalmente na ponta da cadeira enquanto acompanhamos. Por razões óbvias não irei entrar em detalhes sobre a trama e seus desdobramentos, mas vou analisar alguns pontos que merecem ser mencionados. Vamos lá.
Neste último volume acompanhamos Katy tentando conviver com todas as perdas e dores que tanto sua mudança quanto a invasão alienígena causaram. Ela e Daemon passam toda a narrativa procurando formas de acabar com a invasão e salvar tanto humanos como Luxen – e tempos desesperadores pedem medidas desesperadas, então muitas atitudes inesperadas acontecem (nada de spoiler sobre isso por aqui, no entanto). A questão do relacionamento dos dois não foi um fator de preocupação em grande parte da trama graças à Deus (temos um momento de tensão, mas não é duradouro) e isso é uma dos pontos que mais me deixa feliz nesta série: não há triângulo amoroso, não há traição, não há drama à toa, temos um casal extremamente apaixonado que faz tudo para garantir que ficarão juntos e vivos (incluindo seus amigos e família). É realmente bonito acompanhar como o amor entre eles se fortaleceu ao longo dos livros e culminou não só no casamento no volume anterior, mas na total entrega ao sentimento – o que leva também aos vários episódios mais calientes entre eles.
Tive a impressão de que, neste volume, Katy foi a personagem que mais se fortaleceu. Cena após cena ela é testada e levado ao extremo. Ela sofre uma e outra vez, mas não tem possibilidade para viver esse sofrimento porque não há tempo para parar e nunca, em nenhum momento, deixa de ser aquela garota que conhecemos em Obsidiana. Isso não quer dizer que ela não tenha amadurecido, pelo contrário. Katy cresceu muito. E floresceu no meio do caos e envolta no amor de Daemon.
Falemos então sobre Daemon. É inegável seu amor por Katy – e em praticamente todas as páginas somos lembrados disso – e sua força vem desse amor. Ele também mudou desde o dia em que abriu a porta de sua casa para Katy, amadureceu, sofreu, descobriu e passou por coisas que nunca imaginou, mas sua lealdade e fidelidade a sua família nunca mudou. Nem sua personalidade – e isso é um de seus charmes. Neste volume um ponto que devo ressaltar é sua quase amizade com Archer, os dois se cutucam, mas aprendem a confiar em suas ações. É sempre uma cena brilhante quando eles estão juntos – aliás, é sempre uma cena interessante quando Daemon está no mesmo cômodo que outros personagens.
Interessante também é ver como os outros personagens lidam com tudo o que está acontecendo: Archer, ainda que centrado e pé no chão, também fica perturbado e preocupado com as implicações da invasão; Luke, sempre descolado e com a atitude “não-estou-ligando” também tem seus assuntos para lidar e é um dos personagens cuja ajuda é essencial em toda a ação; Dawson se mostra um personagem mais centrado do que eu esperava; Beth não aparece muito, mas é responsável por uma das surpresas que o final nos reservou e Dee, ah Dee, precisou lidar com várias coisas, mas se manteve forte. Este foi um livro que tanto trouxe de volta personagens que conhecemos nos volumes anteriores quanto encaixou novos e fechou ciclos e pontas soltas.
Muitas dúvidas foram respondidas, muitas cenas apertaram o coração, muitos diálogos fizeram brotar um sorriso nos meus lábios. Eu gostaria que essa história não acabasse (protelei e alonguei a leitura o máximo que consegui), mas seu final não me decepcionou, muito pelo contrário, seu último capítulo aqueceu meu coração e deixou várias possibilidades abertas.
Me deixa muito satisfeita ver quão consistente a Saga tem sido desde o seu início. Os personagens mudaram, é claro, e muita coisa acontece em suas vidas para que isso se justificasse, mas suas essências permaneceram – em especial os três personagens principais: Daemon ainda é o mesmo homem/alien que flerta e faz gracinhas com a Katy; Dee ainda é a mulher/alien de bom coração; Katy ainda é uma lutadora, mesmo que agora em mais formas do que pudéssemos esperar. Parênteses: não estou considerando o Dawson como personagem principal porque ele não esteve desde o primeiro capítulo do primeiro volume, mas sua importância na história é óbvia e inquestionável.
Em Opostos, Armentrout conseguiu convergir (se não todas) a grande maioria das informações que foram acrescentadas ao longo da série em um único evento – a invasão alienígena – e juntar humanos, Luxen, Originais, Híbridos e Arum em um único quadro. À primeira vista parece uma bagunça pelo tanto de informações que precisamos relembrar e encaixar junto com Katy e Daemon conforme as cenas vão se passando, mas para o leitor é uma questão de voltar a se inserir no universo da história, uma vez que a forma como as descobertas foram elencadas também ajuda a firmar uma linha de raciocínio que faz sentido.
Este volume, para mim, não teve falhas. Conseguiu concluir a história de forma inteligente e eficiente, teve de emoção, drama e ação na medida certa. Aqueceu o coração, fez brotar lágrimas nos meus olhos e querer estapear alguns personagens. Conseguiu sintetizar todo o sentimento da série em pouco menos de quatrocentas páginas e me deixar com gosto de “quero mais”. No momento, para continuar minha vida, preciso dos extras, de Shadows e dos pontos de vista de Daemon de Obsidiana, Ônix e Opala – oie, editora Valentina 😇👽. Mas continuemos. Resumindo: se você ainda não começou a ler está série, vá ler.
Como sempre, vou manter os spoilers longe do meu texto, mas acho que algumas considerações devem ser feitas. A primeira é sobre a consistência do mundo que Gail Carriger criou, todos os elementos fazem sentido no contexto da história. O leitor consegue acreditar em tudo o que é descrito na trama, consegue se apegar aos personagens e ficar ansioso para saber em qual enrascada a personagem principal acabará envolvida – e quais serão as implicações.
Encontramos Alexia e sua companhia limitada alguns meses depois de seu casamento com Maccon. Nossa querida Lady está lidando bem com seu papel de esposa e sua posição política com a Rainha Vitória. Mas é claro que não podemos esperar calmarias na vida da preternatural e logo vemos que seu jardim está repleto de soldados e ainda há muito mais pela frente, incluindo um marido desaparecido. Isso nos leva a uma viagem realmente interessante e com vários aspectos de steampunk em foco – elementos que eu nunca me aprofundei muito, mas consigo entender o apelo e ver o quão bem funcionam não só nos detalhes da narrativa.
Carriger passa de forma brilhante pela comédia de costumes, ainda que mais dosada neste volume – algumas vezes, seu tom me remeteu ao tom de narrativa que encontramos em autoras como Jane Austen, o que é muito encantador. Alguns personagens, como Ivy e Felicity, a meia-irmã da nossa protagonista, beiram o exagero em certas ocasiões, sendo cansativas e irritantes (Felicity, em especial, não possui o mesmo brilho e balanço da fala mordaz de sua irmã, o que me fez imaginar para quê exatamente ela estava lá, mas esperemos o próximo volume).
Ainda que seja uma tradução, a prosa de Carriger é um ponto que deve ser mencionado. O ritmo com que sua história é conduzida é constante e obviamente construído de forma a fazer o leitor se envolver na trama e gostar – e olha que steampunk nem é o meu gênero literário preferido. A atmosfera criada em conjunto com os diálogos nos mantêm engajados em todo o tempo – isso se deve não só, mas também pela escolha de certas palavras (e aqui vemos que o trabalho de tradução foi incrível) que fazem com que as cenas sejam inteligentes e calorosas (e agradáveis) e que não se limitam a serem capazes de nos fazer sorrir (e rir).
A construção dos personagens também é um ponto a se levar em consideração: os personagens principais nos foram apresentados no volume anterior, mas seu desenvolvimento é contínuo. Alexa é uma daquelas personagens que dá brilho nos olhos do leitor, inteligente, sagaz, segura de si e com uma língua mordaz e aguda (maravilhosa de se acompanhar) capaz de acabar com o ego alheio em dois minutos. Ela obviamente pode ser um exemplo e tanto para leitoras mais novas, mostrando que ser mulher (ainda mais na época em que está contextualizada) não significa ser incapaz, muito pelo contrário.
Como você deve ter percebido, estou me abstendo de falar sobre a história, mas antes de finalizar esta resenha não posso deixar de mencionar que sua reviravolta me pegou de completamente de surpresa, com a guarda baixa. Carriger encaminha a história sem que percebamos o que nos espera e quando dá sua cartada... nos deixa simplesmente sem saber como lidar com o que nos é jogado no colo. Ainda não sei como lidar. Que narrativa, gente, que narrativa!
Resenha postada no blog Doki Doki
Enquanto lia este segundo volume de Para nova York, com amor descobri que estou me acostumando com duas coisas: a escrever pôr do sol sem hífen e a me deixar levar pelas palavras de Morgan. Não consigo me lembrar de ter lido alguma história dessa autora antes de Amor em Manhattan, mas, ainda que tivesse lido (e provavelmente li e não consigo ligar o livro à autora), sua forma de envolver o leitor ainda me surpreenderia – porque cada nova história parece a primeira.
Em Pôr do Sol no Central Park temos a história de Frankie Cole, que junto com Eva é a melhor amiga de Paige (protagonista do livro anterior). Nossa especialista em flores e plantas tem uma queda de longo prazo por Matt, o irmão mais velho de Paige, e um medo enorme de relacionamentos (e de se deixar ver pelo mundo) por conta do divórcio conturbado de seus pais e da sucessão de acontecimentos que se desdobraram a partir do evento. O problema da história gira, então, em Matt tentando fazer com que seu laço de confiança seja ainda mais forte com Frankie para que ela possa se ver livre do medo e dar uma chance ao relacionamento amoroso entre os dois.
O ritmo deste volume é completamente diferente da trama anterior, o que é interessante de se acompanhar. Praticamente completamente voltado às questões de Frankie, o passo da narrativa acompanha o vagar manso da construção da coragem da personagem em perceber que nem tudo era o que ela pensava que fosse. Ao contrário do anterior, neste volume os primeiros capítulos demandam mais tempo de leitura – por irem mais devagar, esses capítulos me deram um pouco de trabalho para serem superados. Obviamente muita coisa acontece, desde o começo, no decorrer da trama e temos detalhes importantes que vão se juntando e diálogos interessantes que são essenciais para que entendamos os medos e travas da personagem.
Este ritmo um pouco mais lento me fez dividir a leitura em dois momentos: antes e depois da página 187. Por que? Porque o primeiro beijo entre Frankie e Matt acontece na página 187 (pouco depois da metade das 365 páginas do livro) e com a iniciativa dela. Este é um momento importante do enredo. É a partir desse beijo que a trama ganha um novo rumo. Se antes o ritmo parecia caminhar a passos pequenos, após o beijo a trama engata a passos largos – as coisas começam a mudar em um espaço de dias razoavelmente curto até chegarmos ao evento final e termos nosso final feliz (que eu não contarei, para manter este texto livre de spoilers, mas que você deve imaginar qual é). Esse é o fôlego que a trama precisava (pois ao meu ver o enredo não se sustentaria se fosse mantido a pequenos avanços) e também é o que garante o selo de “gostei” para este volume.
A construção de Frankie merece um parágrafo para chamar de seu. Um dos melhores pontos deste volume é a atenção que a autora dá ao peso que o passado tem no presente da personagem. Frankie é uma mulher incrível, mas o fato de possuir uma mãe que não se prende a relacionamentos e ficou emocionalmente inconstante em um período significativo de sua adolescência deixou uma marca profunda. Sua fragilidade se esconde atrás de óculos grandes e roupas sérias, seu grande e amoroso coração anseia por cuidado e amor verdadeiro, ainda que não saiba disso. É esse processo de descobrir que ama, é amada e quer amar que vemos aqui. A forma como Morgan mostra a amizade dela com Eva e Paige e como as duas a apoiam e amam é um dos pontos mais bonitos de toda a trama, para além do romance. E o cuidado e empenho de Matt (e sua paciência infinita) são essenciais para que ela se solte e tenha coragem, enfim, de dizer um “eu te amo”.
Alguns outros pontos devem ser mencionados: Matt e Nova York. O irmão da Paige é um exemplo extremamente perfeitinho de homem que toda mãe quer como genro (a minha incluída). Gentil, galante, charmoso e persistente, Matt se mostrou um personagem com muito mais do que o esperado bom-moço trabalhador com músculos incríveis. Morgan consegue fazer com que ele empurre Frankie para que ela expanda seus limites e rompa suas barreiras sem, no entanto, abusar disso. Ele e Garrinhas, sua gatinha “selvagem” que tanto lembrou minha própria gata de estimação, ganharam meu coração em um piscar de olhos. Quanto a construção da representação de Nova York... não há como não sentir o amor da autora pelo lugar, suas descrições são repletas de vida e sentimento. A cidade parece ganhar vida nas páginas do livro e saltar aos nossos olhos. As cenas no Central Park estão entre as minhas preferidas em todo o romance porque nos dão a sensação de realmente estarmos no lugar, vendo o que é contado. Não há dúvidas que o trabalho de descrição é realmente levado a sério aqui.
Como esperado (e ainda bem), pudemos ver um pouco (bem pouco) mais da relação entre Paige e Jake, agora amadurecida e caminhando para uma vida juntos, e me deixa satisfeita saber que os dois estão muito bem. Temos também uma boa dose de pistas sobre o par romântico (Lucas) da próxima protagonista da série, Eva, e tenho muitas expectativas para o que a autora nos reservou no próximo volume – misturar uma romântica nata e incurável com um escritor de histórias de terror parece uma boa receita para um romance interessante.
No geral, Pôr do Sol no Central Park é uma leitura que satisfaz nossa necessidade de amor – seja amor fraternal entre as melhores amigas, seja amor romântico entre o casal. É uma história bem construída, com personagens complexos e uma ambientação que te transporta para cada uma das cenas. A carga emocional das histórias está crescendo conforme a série vai avançando entre os volumes, o que me deixa curiosa e ansiosa para ver o que o próximo nos reserva.
Amigos para a vida traz a história de Francis, um garoto que sofre bullying na escola e que, num dia qualquer, conhece Jessica, uma fantasma que muda sua vida e abre um caminho de possibilidades para ele fazer novas amizades - com Andi e Roland. É uma narrativa sensível que consegue explorar temas sérios como bullying, depressão e suicídio com leveza através da amizade e celebração das diferenças de cada um dos personagens.
Alguns autores conseguem trabalhar a linguagem em uma história de uma forma que faz com que o leitor esqueça completamente de que está em um lugar que não o da narrativa, este é o caso de Andrew Norriss. Me senti dragada ao texto e muitas vezes perdi completamente a noção de tempo e lugar (o que me fez chegar atrasada em várias aulas) - e isso é uma coisa boa, porque é um sinal claro de que sua história funciona para o leitor (ou seja, faz com que ele acredite, seja imerso no universo criado).
Antes de continuar a falar sobre esta história, é preciso lembrar de um ponto muito importante: Amigos para a vida é voltado para o público jovem, para os adolescentes em formação, por isso suas 201 páginas possuem fonte com tamanho confortável e bom espaçamento para a leitura. E isso faz com que o ritmo de leitura de uma leitora mais velha, como eu, seja muito mais rápido em comparação com outros títulos. Mas não se engane, ser voltado para adolescentes não impede a história de ser profunda e relevante, pelo contrário, só deixa ainda mais a mostra o quão “naturalizados” certos comportamentos estão e como isso é ainda mais prejudicial a quem está em uma das duas pontas.
Temos então personagens que acreditam não se encaixar em nenhum lugar e que acabaram por se acostumar a ficarem sozinhos, isolados pelas outras pessoas [na escola] por serem “diferentes” . E este é o principal ponto que me marcou na história. Enquanto termos a improvável amizade entre um garoto e uma fantasma é o que chama atenção no primeiro momento, é a forma como essa amizade (que vai se expandir a outras pessoas) mostra que se encaixar [em qualquer uma das categorias que tendemos a criar nas escolas, trabalho, etc.] não é o que deveria nos definir. A graça em ser humano é pode ser diferente de todos os outros seres humanos. E até mesmo sendo diferente temos pontos em comum com muitos outros indivíduos.
Todos os temas que Norriss lida - vale relembrar alguns muito importantes (e interligados), como suicídio e bullying - vão guiar o leitor para uma ideia clara: está tudo bem e ser diferente. E como ele faz isso: apresentando personagens que “fogem da normalidade” por causa de sua aparência, seus gostos e interesses, sua forma de se portar - que são as pessoas que mais sofrem durante a adolescência (porque a escola é brutal e todos nós sabemos/passamos por isso) -, mas que encontram na amizade uma mudança de rumo.
Eu acho que ficou claro que gostei muito da leitura e da fluência e leveza da narrativa, então vou encerrar este texto por aqui antes que não consiga me controlar e escreva algum spoiler. Preciso deixar registrado, no entanto, que este livro consegue ser ainda maior do que foi proposto por conseguir mostrar o que acontece com tantos adolescentes e jovens pelo mundo sem tornar a trama pesada e desesperançosa. Resumindo: Amigos para a vida é uma história terna, bonita e com uma mensagem importante que merece ser lido por leitores de todas as idades.
Quando li a sinopse desta história, fiquei intrigada com a forma como a autora iria lidar com a questão da “escrita por encomenda” de uma celebridade do Instagram e conforme os capítulos foram passando, me vi completamente envolvida não só na problemática do processo de escrita, mas em todo o contexto dos personagens. E, deixe-me te dizer, esta foi uma leitura e tanto.
Comecei a ler Professor Feelgood sem saber exatamente o que esperar porque não li o primeiro volume de Masters of Love, Sr. Romance - irei corrigir isso nos próximos dias porque não consegui me segurar e passei na livraria. Mas por serem histórias praticamente independentes, apesar dos spoilers leves sobre o final do primeiro volume (que, sendo sincera, não eram bem spoilers), não tive nenhum problema em me divertir e me envolver com a trama de Asha e Jacob.
Temos aqui, então, a história de Asha Tate, uma assistente editorial que para conseguir ser promovida precisa encontrar o novo best-seller que irá salvar a editora em que trabalha. Ela vê sua chance chegar quando tem a ideia de convidar um homem, autointitulado Professor Feelgood, que acompanha no Instagram a publicar um livro - com base em seus milhões de seguidores e na profundidade das palavras de seus poemas e imagens, ela sabe que qualquer coisa que ele publicasse seria um sucesso. A partir disso acompanhamos os dois, Asha e Jake, o Professor Feelgood, tentando trabalhar na escrita de um livro e tateando ao redor de seus problemas do passado - porque é lógico que o Professor seria o ex-melhor amigo dela (quem não adora esse tipo de drama, não é mesmo?).
Asha é uma personagem muito interessante e complexa - e se você já leu Mr. Romance, sabe que ela é irmã de Eden, a protagonista do volume anterior. Acompanhar seu ponto de vista é simplesmente uma delícia porque ela é uma personagem com quem podemos nos relaciona/ver completamente. Ela é uma profissional dedicada e com humor afiado que precisa lidar com os avanços indesejados de um colega de trabalho; é uma irmã e amiga muito boa e presente. Mas por uma série de questões, ela não consegue se envolver fisicamente com seus namorados e se sente frustrada e quebrada por isso - e a autora conseguir tratar deste tema de forma tão precisa e real me deixou extremamente satisfeita porque é algo pelo qual muitas mulheres passam sem entender o por quê.
Venha pra mamãe, Professor Músculos do Pôrno Literário. Deixe-me desfrutar da sua genialidade. (p. 33)
Olhando esse baú de palavras, me sinto como um maconheiro que acabou de achar um estoque inesperado e gigante do melhor haxixe. (p. 178)
Você não deveria ter que lutar por amor, Asha. Esse é todo o ponto. Se duas pessoas se amam, não deveria existir nada que as mantivesse separadas. Mas isso só funciona se as duas se sentem da mesma forma, ao mesmo tempo. E não importa quão romântica você seja, você precisa admitir que as chances de isso acontecer são raras. (p. 212)
Se você já tivesse lido um livro de romance, Devin, saberia que há muito mais neles do que só erotismo. Eles empoderam e inspiram as mulheres. Eles confortam e, sim, às vezes excitam. Não consigo acreditar que você tenha tantos preconceitos a respeito de um gênero inteiro, especialmente considerando que esses “romances ruins” são o que mantêm essa editora funcionando. Ano após ano, as vendas de romances comprovam que o poder de compra das mulheres é... (p. 24)
Existe um ditado que diz que o amor é só uma amizade que pegou fogo, e ele não podia ser mais verdadeiro. (p. 296)
Sempre espero mais ou menos a mesma coisa quando começo a ler um romance de época - a mocinha e o mocinho irão se apaixonar, mas por alguma razão [geralmente motivada ou causada pelo mocinho], eles terão que atravessar certos empecilhos para finalmente ficarem juntos para sempre. Em Desejo e Escândalo este tipo de enredo se repete, trazendo detalhes que surpreendem, no decorrer da leitura, quem está acompanhando a história.
Para você não ficar sem saber sobre o que trata o livro, em breves linhas temos dois personagens Mick Trewlove e Lady Aslyn Hastings. Mick é o filho bastardo do Duque de Hedley, que trabalhou muito para sair da lama e conseguir ter dinheiro o suficiente para que sua mãe adotiva e seus irmãos pudessem ter conforto e trabalho em suas vidas e que quer, finalmente, ser reconhecido como herdeiro do Duque a qualquer custo. Para isso ele monta um plano simples: se aproveitar da fraqueza pelo jogo que possui o Conde de Kipwick, o outro filho (e herdeiro) do Duque, e tirar, uma a uma, as propriedades que deveriam ser de Mike se ele fosse o reconhecido como primogênito e também, no meio do caminho, roubar a noiva de Kipwick. Simples, fácil e até mesmo rápido. No entanto, Mick não contava que Aslyn seria uma moça encantadora e nada parecida com Kip. E quanto mais ele vai conhecendo Aslyn, mais passa a realmente querer ficar com ela depois de tirá-la do Conde. Mas eles não poderiam realmente ficarem juntos por pertencerem a classes diferentes, ela a nobre filha de um Duque e ele um rico empresário burguês (é aí que o reconhecimento como herdeiro o ajudaria, também). Temos então dois problemas, a vingança de Mick e a impossibilidade dos dois ficarem juntos. É ao redor disso que as cenas do enredo irão circular.
Gosto muito da sequência de fatos que Lorraine Heath faz em suas histórias, uma ação leva a outra e a consequentes mudanças de pensamento e sentimento, de forma que a construção do romance entre os dois personagens principais foi crível - Aslyn não sabia dos planos de Mick, por isso caiu de amores com muito mais intensidade e sinceridade do que ele, mas ao terminar a leitura fiquei com a impressão de que os dois estavam em pé de igualdade no relacionamento e com um amor impossível de se medir.
A construção de Mick faz jus ao que era esperado de seu personagem. Um homem forte, duro nas “bordas” e marcado pelo rancor de um passado do qual não tem nenhuma culpa, é uma vítima. Mas muito mais do que isso, Trewlove possui uma capacidade avassaladora de amar - ele ama sua mãe adotiva e seus irmãos sem nenhuma reserva, ele passa a amar Aslyn de forma real e completa por ver os pequenos detalhes dela que, pelo comodismo, passam despercebidos por Kip. Ainda que em alguns momentos eu tenha morrido de vontade de estapear a cara bonita dele por não contar a Aslyn as coisas que estavam acontecendo sem que ela soubesse, entendo o passo os acontecimentos e a espera vale a pena por trazer cenas incrivelmente doces e delicadas, dignas da época, com a sedução que ele empenha em diversos momentos.
Aslyn é uma personagem interessante, sua capacidade de bater o pé pelo o que quer sem perder a postura que uma Lady deve ter foi uma grata surpresa. Aslyn é muito delicada, mas ao poucos vamos percebendo que ela possui mais do que um coração bom e bonito. Nossa Lady é doce, amorosa, gentil, solidária e com um senso de retidão que não via em uma personagem há algum tempo. É delicioso acompanhar suas descobertas sensoriais e amorosas. E é ainda mais delicioso ver como ela mostra o que quer e se faz entender. Mick não poderia encontrar uma mulher que o completasse melhor.
Kip, o noivo de Aslyn, foi uma pequena desilusão como antagonista. Não temos um vilão nem alguém que firmemente impeça as coisas acontecerem na história, mas como ponto de conflito Kip é o personagem que deveria colocar pontos que fizesse com que fosse difícil florescer o amor entre Aslyn e Mick. O que ocorre, no entanto, é exatamente o contrário - tudo o que ele faz e fala, além de ser irritante, só empurra Aslyn para o lado de Mick. Eu esperava mais de alguém que pretendia se casar com a moça que conhece desde sempre.
Heath criou cenas extremamente bonitas ao longo da narrativa que foram me prendendo mais e mais, a ponto de não querer desgrudar do livro para descobrir como o casal conseguiria ficar junto no final. Sua reviravolta perto do final trouxe uma informação que jamais passaria pela minha cabeça e que foi, de longe, a melhor explicação para o enredo - e muito melhor do que todas as possibilidades que criei na minha cabeça enquanto lia. Sua fluência de escrita e narrativa são pontos altos que também devem ser mencionados - sem furos, sem perdas de ritmo, sem cenas demasiadamente longas nem curtas, sem diálogos que não enriquecessem a trama. Posso dizer que estava muito satisfeita quando virei a última página e com um calor no coração que é impossível de negar.
Desejo e Escândalo é um livro que me surpreendeu e uma maneira maravilhosa Com personagens calorosos, cenas e diálogos bonitos, detalhes importantes e uma descoberta num ponto crucial da trama, não tenho nem palavras melhores para descrever a felicidade que senti por poder ler esta história. Agora me resta reler a história de Aslyn e Mick quando sentir saudade da doçura que encontrei aqui - e esperar para descobrir o que as histórias dos irmãos e irmãs de Mick guardam.
Adorei a história. Theo é muito doce desde o começo e seu personagem é bastante consistente. Ruby é uma personagem interessante, seu temperamento geralmente suave trouxe uma surpresa em certo momento da trama e foi interessante a forma como isso se desenvolveu em outras ações que levaram a outras coisas. Um ponto fora da curva, na trama, no entanto é a volta do pai de Ruby, que fica sem maiores explicações e ninguém mais toca no assunto. De forma geral, é um romance doce e agradável, com a dose certa de quase tudo.
“A teoria clareia o mundo antes de esclarecê-lo.”
Este livro de Byung-Chul Han é extremamente lúcido e real. Sua reflexão vai nos pontos que nos passam despercebidos - e a visão de que nos falta o outro, daí a agonia do eros, nos faz abrir os olhos para diversas questões.
Nesta história vemos Hayley, uma adolescente que está tentando se acostumar a frequentar uma escola normal depois de cinco anos viajando pelo país com o pai, tentando sobreviver às aulas e aos desafios que sua vida familiar lhe impõem. Além da personagem principal temos, como personagens extremamente significativos para a trama, seu pai Andy, sua melhor amiga Gracie e o nerd Finn. Nenhum desses três personagens têm o que chamaríamos de vidas comuns - o pai sofre de transtorno de estresse pós-traumático; a amiga tem problemas familiares; e o garoto guarda uma série de segredos.
O que mais tem me interessado nos livros jovem-adulto de ficção realista é a voz de seus narradores, por ser uma ficção realista (e eu nem sei se nós chamamos assim aqui, mas está valendo), problemas contemporâneos são examinados e questionados em suas linhas. Nossa narradora aqui é Hayley, uma adolescente cínica, mergulhada até os cabelos em uma situação dolorosa e que lida com o que é preciso a partir de uma significativa dose de autopreservação [que beira ao exagero (mas faz sentido)]. Ela tem zero esperanças em relação à humanidade e chama de zumbis os adolescentes que frequentam a escola com ela. Desde a primeira página sua voz mostra o tipo de pessoa que ela é: inteligente, sarcástica (ou ácida), desiludida e sem paciência para os dramas comuns da idade.
Hayley traça uma linha divisória entre ela e as outras pessoas. Seus pensamentos sempre acabam em reflexões sobre os dramas adolescentes e sua falta de sentido - ela se recusa a gastar energia com isso. Fiquei surpresa (e em alguma medida, encantada) com a construção da personagem, Laurie Halse Anderson não poupa nada na forma de mostrar a perspectiva de uma adolescente sem esperanças e com uma carga tão grande de medo [por seu pai e por si mesma] que não sobra espaço para mais nada.
Esse foi um dos problemas para mim durante a primeira leitura: por ter passado pela adolescência de forma tão distinta da vivida por Hayley e por estar envolvida com outro tipo de preocupação, não consegui me conectar direito com seu sofrimento. Quando reli (talvez por conhecer a história), os sentimentos foram diferentes e minha conexão com a personagem também. Se toda sua acidez me irritou um pouco na primeira leitura, na segunda consegui [finalmente] perceber que embaixo de toda sua fachada de durona havia medo e dor.
Um elemento essencial para o enredo são os flashbacks. É pelos flashbacks que o pai dela tem da guerra que vemos não só a experiência e trauma dele como soldado, mas também o sofrimento dela. Hayley cresceu sem sua mãe biológica, foi abandonada na infância e teve que ser a figura de adulta responsável quando o assunto era seu pai, então obviamente reprimiu todo seu trauma. Então durante todo o tempo ela precisa lidar com duas bombas prestes a explodir: suas feridas profundas e o humor de seu pai. E esse, para mim, é o ponto alto da trama, mas do que um romance que surge entre a protagonista e o garoto nerd, mais do que a amizade com traços complexos entre ela e Gracie, é a representação de uma adolescente bagunçada, mas extremamente forte, que torna este livro o que é: perturbadoramente comovente. Seu final é um pouco falho, mas história é sobre ela e é Hayley a que mais merece ter indícios de um futuro melhor e mais colorido.
Me parece que o tom desta resenha ficou um pouco estranho, então vou falar um pouco sobre o romance para terminar o texto mais leve. Hayley e Finn tiveram um relacionamento interessante, sua construção foi num ritmo delicado. As brincadeiras sarcásticas entre eles cumpriram bem seu papel de entreter e suas conversas mostraram quão bem foi o desenvolvimento dos dois no decorrer da narrativa.
No final, estou satisfeita. A história me fez pensar muito sobre questões familiares em um nível diferente do que me acostumei a olhar e a pensar a memória e seu [não-]lugar nas nossas vidas.
Resenha postada originalmente no Blog Doki Doki.
Ainda dentro do meu cronograma de postagem de resenhas que demandaram duas leituras para serem escritas, hoje é dia de te contar um pouco sobre como foi a minha experiência com A Contrapartida, livro de estreia de Uranio Bonoldi. Depois de receber o exemplar da editora Valentina e ler pela primeira vez, muitos pontos da trama me deixaram insatisfeita com a leitura - tinha a impressão de que tinha lido tudo muito rápido e que provavelmente alguma coisa tinha passado e eu não tinha percebido -, o que me levou a escolher reler depois de algum tempo. Esta resenha, então, reflete minha experiência com a segunda leitura.
Nesta história conhecemos Octávio Albuquerque Junior, Tavinho, que sempre teve uma boa vida com sua família e amigos lhe dando apoio, mas tinha muita dificuldade para aprender na escola e por isso sofria bullying dos colegas. Temos também Iaúna, índia de uma tribo extinta, que tem sua vida marcada pela violência até que uma mulher visita sua tribo e a leva para a cidade, onde ela passa a trabalhar (e assim conhece Tavinho, filho de Cristina, sua patroa). Com pena do garoto e querendo ajudá-lo a realizar seus sonhos, Iaúna lhe propõe fazer um ritual antigo de sua tribo, que poderia lhe ajudar na aprendizagem, mas que leva ingredientes nada convencionais. Tavinho precisa então decidir se está disposto a fazer o que for necessário para ser o que deseja.
Dividido em quatro partes e narrado em terceira pessoa, a trama possui uma fluência interessante, pois perpassa diversos momentos da vida do personagem principal, o que nos possibilita conhecer mais sobre a história dele, de seus pais e de Iaúna. Para mim, essa abundância de passagens foi uma escolha arrojada, mas me pareceu que o autor perdeu um pouco as rédeas da narrativa em alguns momentos, pois em diversas partes precisei reler [uma, duas, três vezes] para entender o papel da passagem na trama porque a sensação era de que estava solta no meio do todo. Isso também vale para algumas situações com diálogos extensos e trechos repetitivos, onde o recontar de fatos já contados faz com que o ritmo de leitura diminua significativamente. No entanto, isso não significa que a história não entretenha e prenda em sua maior parte, apenas que não funcionou completamente para mim.
Ainda que eu não tenha realmente me conectado com as personagens (e isso é mais uma questão de momento de leitura do que outra coisa), é visível que seus personagens foram muito bem trabalhados e caracterizados durante toda a trama. Iaúna é, sem dúvidas, minha personagem preferida, mesmo que as questões morais envolvendo Tavinho sejam um ponto alto da trama e instiguem o leitor a pesar suas próprias questões, é Iaúna quem abre essa porta para o protagonista (e isso é bastante significativo ao meu ver).
Antes de terminar este texto, não posso deixar de salientar que a história é sim bem desenvolvida. O autor consegue colocar o leitor perto do personagem a todo momento e fazer com que ele (o leitor) passe boa parte da trama preocupado com as escolhas de Tavinho e se perguntando o que faria se estivesse no lugar do personagem. As noções de ética e moral são bem desenvolvidas e problematizadas e me parece que este é o ponto alto da história: nos levar a pensar nossas bases, nos questionar até que ponto conseguiríamos ir para realizar nossos sonhos. Ao acompanharmos Tavinho em sua jornada repleta de surpresas (e desfecho inesperado) e vermos qual o preço a pagar para alcançar certas coisas, conseguimos entender o peso (ou seria poder?) das escolhas que fazemos.
Tenho sentimentos conflitantes com esta história. A primeira metade me deixou bastante irritada. A segunda metade compensou até certo ponto a irritação. O final foi bom.
Uma bailarina e um violinista, não parece um par perfeito? Quando li a sinopse deste livro há dois anos, na época do lançamento, fiquei imaginando vários fanarts com ele tocando violino e ela dançando. De lá para cá, li e reli esta história algumas vezes e finalmente é hora de escrever uma resenha para esses personagens.
O segundo volume da série Cidade da Música traz a história de Camila e Vitor, ela uma bailarina focada exclusivamente em ser a melhor possível, sem tempo para garotos ou festas, ele um violinista meio nerd com um gosto apurado para música clássica e hip hop. Mas estas são apenas linhas gerais da trama, quando realmente começamos a ler este livro, percebemos que Mila sofre de ansiedade e com a pressão de conseguir ser solista e manter essa posição com tantas outras bailarinas competindo para seu lugar, além de sentir a necessidade de alcançar os padrões de perfeição esperados por sua mãe rígida. Com sua personalidade mais livre, Vitor é a melhor pessoa que Mila poderia encontrar na Academia Margareth Vilela e quando a amizade entre os dois ganha força, eles percebem que o sentimento que nutrem um pelo outro é mais forte do que esperado - na verdade, Vitor já gostava de Camila, mas não deixa de ser uma surpresa o quanto o sentimento vai expandindo ao longo da trama.
Allegro em Hip-Hop acompanha a perspectiva de Mila e Vitor, então na narrativa temos duas personalidades bastante diferentes, o que fica muito transparente no tom que as cenas ganham quando lemos o ponto de vista de um ou de outro. Este detalhe é o que realmente me ganhou na trama. Enquanto as cenas pelo olhar de Mila são mais tensas, as cenas com o olhar de Vitor tendem a ser mais doces, o que reflete também a personalidade desses dois personagens e faz dessa dupla uma combinação balanceada. Há uma certa imaturidade nos dois que é característica da falta de experiência que eles mostram ao longo da trama, mesmo já tendo completado seus 18 anos, e durante a leitura tive a impressão de que esse aspecto não ajuda tanto na construção dos personagens, ainda que adicione mais uma camada em suas ações.
“Vitor queria ser alguém que pudesse estar à disposição de Mila para o resto da vida, mesmo que fosse para segurar seu guarda-chuva enquanto estivesse chovendo. Esse era o pensamento de alguém sem amor próprio, mas, como ele imaginava, romântico. Mal sabia ele que isso quase sempre significava a mesma coisa. (p. 88)”
Através da voz da personagem feminina a autora conseguiu passar os sentimentos, medos e angústias de uma pessoa com ansiedade e tratou do tema de forma delicada e com o aprofundamento certo, de acordo com o que é proposto pelo enredo - todo o desenvolvimento de Mila é feito ao redor desse lidar com a ansiedade e com a necessidade de diminuir um pouco o nível da rigidez com que foi criada. Por ser uma bailarina e estar em constante pressão para alcançar a perfeição nos gestos, nos movimentos e no corpo, a autora teve a abertura para tratar de temas que permeiam a vida de muitas pessoas, adolescentes ou não, como a ansiedade, a questão do peso, a rivalidade no trabalho etc. Li, por aí, algumas pessoas apontando que a história era muito adolescente e por isso não conseguiram se reconhecer na personagem protagonista, mas me parece que, nesses casos, essas pessoas simplesmente não conseguiram identificar certos padrões de comportamento que foram retratados - não são apenas adolescentes que têm que lidar com colegas de classe ou de trabalho que são mesquinhas como uma forma de autoproteção e autoafirmação, não são apenas adolescentes que precisam lidar com as pressões das expectativas de familiares e professores; é tudo uma questão de levar o exemplo para outras esferas e contextos.
O romance entre Mila e Vitor é construído de forma calma, ainda que ele goste dela desde o começo, consegue perceber e entender que ela mais precisa de apoio e companheirismo do que de um fã que quer ser seu namorado. Os melhores amigos dos dois, Clara e Sérgio, são dois personagens que gostaria de ver um pouco mais em seu desenvolvimento, pois além de serem engraçados e boas misturas para as personalidades dos personagens principais, têm arcos narrativos que me despertaram a atenção - Clara, com sua energia brilhante e pouco medo de dizer e fazer o que quer, é um contraste interessante para o jeito mais sério e contido de Mila.
A escrita da autora é, como sempre, muito fluída e a forma como constrói cenas e espaços nos leva para o ambiente da Academia Margareth Vilela sem dificuldade. Cidade da Música tem se mostrado uma série muito importante na abordagem de problemas e temas tão necessários de se discutir, ainda que suas histórias não tratem profundamente desses temas, como já apontei na resenha do volume anterior, abrir a discussão é sempre o primeiro passo para que quem está lidando com o que é retratado consiga ver que é possível ter ajuda e encontrar, em certa medida, paz para continuar vivendo. Allego em Hip-Hop, até agora, é o livro da série com personagens mais reais e com dores mais próximas (de mim) e estou curiosa para saber o que o próximo volume trará.
O demônio da teoria é aquele livro que todo estudante de literatura deve ler e reler sempre que necessário.
sweet, sweet, sweet!
uma história gostosinha e que dá para ler numa tacada só para começar o ano.
Fiquei surpresa com o quanto gostei da história. Consegue nos prender desde o começo e a progressão do enredo é ótima.
A mudança de coração da personagem principal ficou meio rápida demais, não ajudou muito na suspensão de descrença... o cara claramente quer a mocinha, mas ela muda de receosa para super interessada muito rápido. Ainda assim, foi uma boa leitura e mostrou muito bem que uma mulher pode ter uma carreira incrível e também ser amada.
Eu acho que esperava uma história diferente? Não sei. No geral gostei, as descrições e o ritmo da narrativa realmente foram me embalando na leitura, ainda que algumas grafias de português de Portugal me deixaram desesperada por um tempo.
actually 2,5 but whatever.
I didn't feel the connection between them, and something (maybe his characterization) about Lucas just doesn't make sense to me. The romance was rushed, and all of that, but it has a nice ending.
Esta é meio que a continuação de outra história, né? Eu lembro vagamente desse plot de hitman se apaixonando pela prota e depois casando com ela sem contar que é um assassino de aluguel freelancer. Anyway, gostei. Foi divertido, doce e rápido. Fiquei querendo mais sobre a Nova e o Ben - um romance mostrando o relacionamento deles se desenvolvendo enquanto eles são uma dupla de assassinos seria interessante.
Li “em uma sentada”, gostei muito.
A construção da narrativa foi boa, o desenvolvimento dos personagens também. Como é uma história curta, a sequência de eventos acontece de forma super satisfatória (ainda que eu gostaria que tivesse um pouco mais de explicação sobre a mãe da protagonista).
Okay... foi bom? eu acho. A história no geral me prendeu na maioria dos capítulos, mas sim, seria interessante se ela passasse por mais alguns tratamentos editoriais - talvez revisão ou copidesque mesmo. Ficaram alguns pontos abertos que foram só esquecidos pelo caminho mesmo. Gostei dos personagens e da ambientação.
Gostei, gostei. As emoções da protagonista estavam all over the place e a autora conseguiu retratar isso muito bem.
Divertido e o epílogo foi uma graça.
Enrolei quase um ano inteiro para começar a ler, mas quando comecei não parei até terminar. Um bom jeito de começar as leituras do ano.
É uma história bem interessante, principalmente quando levamos em conta seu contexto de escrita e a forma como retrata a sociedade daquele período.